Mulher pré-histórica, appaloosa de Lascaux, 17 mil anos
atrás
INIMIGOS!
O
cantor de protesto argentino FACUNDO CABRAL (1937-2011) cantava: “Tenho dois inimigos, pois
os dois lados são maus: o homem que pisa outro e o que se deixa pisar” - da canção “Que si, que no, lo mismo me da”.
(C. A. Albani da Silva, 15.03.2012)
Casamento entre Conde
Drácula e Don Juan gera polêmica
Correspondente
de Guerra
Da
Transilvânia
Depois
de séculos dando mordidinhas em belos pescoços femininos, o Conde Drácula juntou seus trapos e pôs aliança
no dedo com outra celebridade – o inescrupuloso sedutor Don
Juan. Ainda não se sabe quem seduziu quem primeiro, mas o que
este Correspondente de Guerra encontrou foi um Drácula de bigode aparado e cabelo lambido,
assim como um Don Juan de nariz levemente
arrebitado, fruto de recente operação
plástica realizada em prestigiada clínica brasileira.
Em
uma cerimônia discreta e civil (afinal, Drácula
continua não se entendendo com padres, crucifixos e água-benta), realizada em
castelo medieval aqui na Transilvânia, na noite do último domingo (11.03),
destacaram-se, entre os presentes, Frankenstein, a Bruxa do Leste, o Nosferatu
de Murnau e, surpresa das surpresas, Satã em pessoa.
Acompanhado de seis diabinhas fedorentas e impertinentes, Satã reclamou dos
enroladinhos de salsicha o tempo todo. Ausência notável foram os vampiros da
saga Crepúsculo.
Nos bastidores circulavam boatos de que as mamães é que não haviam liberado os
filhos-vampiros para a festa.
O
Brasil não ficou de fora da cerimônia. Estavam lá a Mula-Sem-Cabeça, o Saci
Pererê e o Zé do Caixão. De acordo com um colega repórter, de renomado diário
italiano, nossa Mula literalmente perdeu a cabeça ao ser chamada de jegue por um Lobisomem francês. No mais, o
matrimônio transcorreu na maior serenidade, entre canapés e salgadinhos, sucos,
espumantes e outros quitutes.
Para
o sociólogo Juca
de Moraes, doutor em monstruosidades e aberrações contemporâneas
pela UNB, todo o casamento
não passou de uma jogada publicitária. Perdendo cada vez mais audiência
para os zumbis nas telas de cinema e
para os cantores sertanejos na TV, Drácula e Don Juan
teriam forjado essa paixão arrebatadora para arranjarem novos contratos e
melhores cachês. De toda forma, o novo casal pretendia embarcar na próxima meia-noite para a ilha de
Caras, celebrando a lua cheia de mel.
DICAS
PARA O SEU SUCESSO: Evite a poesia, o amor e o bom-senso. (Albani da Silva, 15.03.2012)
Os
Corvos
É
aquele velho corvo na figueira, que te olha direto nos olhos e grasnando diz: “Todo coração romântico e rebelde deveria me ouvir. Para
continuar seu amigo quando tudo for dito e feito. E levar suas lágrimas para o
rio. E ouvir a cada anjo triste cantar em algum lugar em que se possa sonhar o
dia todo”. (Albani da
Silva, 15.03.2012)
THE BLACK CROWES – Appaloosa (2009). Para aprender a cavalgar
o vento, nada como uma boa appaloosa:
LAN-HOUSE NOS CAMPOS ELÍSEOS
Direto
de uma lan-house nos Campos Elíseos, Italo Calvino
(1923-1985) enviou o seguinte
e-mail:
“Caro
Albani, lendo tuas postagens sobre o Dia da Mulher lembrei-me de minhas
próprias palavras em “Amor longe de casa”, do livro “Um general na biblioteca” (1993). Assim
escrevia eu, com uma menina na cabeça: [...] havia
entre nós aquilo que se diz ser amor, esse rude descobrir-se e procurar-se,
esse áspero sabor um do outro, sabe como é, o amor. [...] Tristeza e solidão dos novos amores,
tristeza e saudade dos velhos amores, tristeza e desespero dos amores futuros. [...] Se sentia um
vazio por dentro e ela disse: ‘É que nem quando você me beija´.
Aqui
no céu, caro Albani, já não se pode fazer essas coisinhas boas aí da Terra.
Calvino – 5772
anos desde a criação do mundo.
JOY DIVISION – Love Will tear us apart (1979) – Gravação
alternativa na BBC. Ian Curtis
(1956-1980) canta, em meio a uma tristeza de dar dó, “o
amor vai nos separar novamente”…
THE MAGIC NUMBERS
– Love´s a
game (2009) – O amor é só um jogo
/ Quebrando a tudo como
sempre / O amor é só uma mentirinha / Que acontece a toda hora...
Era uma família
espanhola / Chegou em MG no século XIX / Se pôs a produzir café / Não podiam ter
escravos, mas tinham / Em 1888 foi abolida a escravidão no Brasil / Ficaram os mulatos, mas buscaram os italianos para plantar e colher também / Até então a família espanhola, cada vez mais
brasileira, louvava o santo
imperador Dom Pedro II / Não demoraria muito e virariam convictos
defensores da República
/ Mas sem essa de voto
universal, escola
pública e muito menos reforma
agrária / Porque agora a família tinha latifúndios a preservar / Século XX adentro chegaram as máquinas para
beneficiar, mas ficou o café / O preço da bebida negra subiu e desceu /
Vieram meeiros de enxada
na mão / Netos, bisnetos e tataranetos também / Uns seguiram
administrando as fazendas, junto de acionistas que compraram metade das ações das empresas da família
espanhola-brasileira-agora-globalizada / Outros da família viraram médicos,
advogados e artistas (sobretudo
cineastas) / A tataraneta mais nova, tão bonita, mas tão bonita, mesmo, fundou
uma empresa de cosméticos / Perfumes
e sabonetes de café / E até da flor do café, que só dá uma vez por ano,
e em um dia apenas / Tudo em nome da sustentabilidade / Da economia verde / É quando
me bate à porta uma representante comercial desses cosméticos / Catálogo na mão
/ Toda essa história na língua / Compro um creme para a pele da minha namorada / Bem
cheirosinho até / Ela já não sabe se ainda gosta de mim. (Albani da Silva, 39.03.2012)
Amor....se tivesse um manual...
ResponderExcluirGostei do mini conto do Conde Drácula e Don Juan.
Gostei mesmo!
=)
Postei "os corvos" no meu face!!!!
ResponderExcluirO corvo me disse muita coisa...
Adorei Carlinhos!!!