John Sell
Cotman, Tempestade na praia de Yarmouth, c. 1831
O Senso do Ridículo
Wislawa
Szymborska (lê-se Vissáuva
Chembórska, 1923 - 2012) faturou o Prêmio Nobel de Literatura em 1996. Mas
sua relação com as Letras era marcada
por Leituras Não-Obrigatórias,
conforme a coluna de resenhas e crônicas que publicou durante décadas em
revistas e jornais poloneses. Em seu poema “Possibilidades”
(1987)
do livro “Gente na ponte”, Wislawa refletiu sobre o senso do
ridículo: “Prefiro
o ridículo de escrever poemas ao ridículo de não escrevê-los”. (Albani da Silva, 15.05.2012)
Rir,
chorar ou entender?
Já Baruch Spinoza (1632-1677)
filosofava que “não é rir, nem chorar,
mas entender” – isso de acordo com Cathy
Fox, personagem de Tariq Ali
(1943)
em Redenção (1990). Para Ezra Einstein, outro personagem de Ali, e do mesmo livro,“o comportamento é muito claro. Por trás de cada razão de
desespero, temos de descobrir uma razão de esperança. As pessoas voltaram-se
para a religião porque o mundo secular se identificara com as crueldades
associadas na Idade Média à religião”. (Albani da Silva,
15.05.2012)
NUVENS
Para descrever as nuvens
eu necessitaria ser muito rápida –
numa fração de segundo
deixam de ser estas, tornam-se outras.
É próprio delas
não se repetir nunca
nas formas, matizes, poses e composição.
Sem o peso de nenhuma lembrança
flutuam sem esforço sobre os fatos.
Elas lá podem ser testemunhas de alguma coisa –
logo se dispersam para todos os lados.
Comparada com as nuvens
a vida parece muito sólida,
quase perene, praticamente eterna.
Perante as nuvens
até a pedra parece uma irmã
em quem se pode confiar,
já elas – são primas distantes e inconstantes.
Que as pessoas vivam, se quiserem,
e em sequencia que cada uma morra,
as nuvens nada têm a ver
com toda essa coisa
muito estranha.
Sobre a tua vida inteira
e a minha, ainda incompleta,
elas passam pomposas como sempre passaram.
Não têm obrigação de conosco findar.
Não precisam ser vistas para navegar.
(Wislawa
Szymborska, Instante (2002), tradução de Regina Przybycien)
LENINE – É o que me interessa (2009): Taí um dos nossos problemas, só corremos atrás do que nos
interessa...
DICAS
PARA A SAÚDE DO NENÊ: O aleitamento materno
não deve passar dos 35 anos. Caso contrário, o nenê corre o risco de nunca
arranjar um emprego. (Albani da Silva,
15.05.2012)
DICAS
PARA O MERCADO DE TRABALHO: Em uma entrevista de
emprego, evite os erros de português: responda a todas as perguntas in english. (Albani da Silva,
15.05.2012)
NAÇÃO
ZUMBI – A ilha (2007): A carne é fraca / E o corpo / É uma ilha / À procura / Do sol –
Felizmente o historiador Carlo Ginzburg (1939) nos
lembra que “nenhuma
ilha é uma ilha” (2000):
Em busca
de novos Arraiais de Canudos
Cavalgando o Vento segue sua busca quixotesca
por novos Arraiais de Canudos. Antônios
nãos nos faltam; Conselheiros, porém, rareiam. Não, não, ainda, assim, não
desistiremos! Embora não tenhamos
aprendido a rezar direito – continuaremos a tentar longe de igrejas e
supermercados. E mesmo que os corações estejam secos como o
Ceará / Nossos ventos são ventos de chuva, tal qual na tempestade de Sell
Cotman e sua praia de Yarmouth. (Albani da Silva,
15.05.2012)
O Arraial
de Canudos
Em
1897 / O Exército / Da República brasileira / Recém-proclamada / Mas já
controlada pelos fazendeiros de sempre / Os barões do café / Destruiu / O Arraial de Canudos / Chamado também de / Belo Monte / No sertão / Da Bahia / Lá / Quem plantava /
Colhia / E comia / Repartindo / O suor / E o fruto do suor / Num clima /
Místico / Esperando pelo fim dos tempos / Pela volta de Dom Sebastião / Ou / Pela
volta de Cristo / O que dá no mesmo / Pro cristão / Antônio
Conselheiro / Liderou / Esta / Fascinante / Experiência / Socialista
/ Em que o caboclo / E a cabocla / Chocolate e mel / Deixaram / De ser / Servo &
Escrava / Pra virar gente / Ainda que humilde / Mas gente. (Albani da Silva, 15.05.2012)
WADO – A
reforma agrária do ar (2009)
- Contra o artista mudo / Contra o ouvinte
surdo / Contra o latifúndio / Das ondas do rádio:
De acordo com o leitor Adaíltom Percival da Silva (1955), pedreiro,
observador de estrelas, eclipses e vaga-lumes – novos arraiais de
Canudos precisarão de guerreiros meninos – nada a ver com falcões do
tráfico, pistoleiros e outros valentões, mas, sim, homens que também choram:
Antes de mais nada
Adaíltom Percival da Silva também alerta, em sua missiva, que é
indispensável para o sucesso dos novos
Arraiais a presença de meninas bonitas:
Até
Breve
Enquanto
procuramos/construímos/inventamos
novos Arraiais de Canudos, os Cavaleiros do Vento lhes desejam um até
breve, ou seja, até a semana que vem!!!
CAVALGANDO o VENTO – Até Breve (Albani da Silva, 2012) – O
artesanato de transformar sentimentos, sonhos e experiências em canção: compor,
ensaiar, gravar, divulgar...
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