quinta-feira, 17 de maio de 2012

John Sell Cotman, Tempestade na praia de Yarmouth, c. 1831

O Senso do Ridículo
Wislawa Szymborska (lê-se Vissáuva Chembórska, 1923 - 2012) faturou o Prêmio Nobel de Literatura em 1996. Mas sua relação com as Letras era marcada por Leituras Não-Obrigatórias, conforme a coluna de resenhas e crônicas que publicou durante décadas em revistas e jornais poloneses. Em seu poema “Possibilidades(1987) do livro “Gente na ponte”, Wislawa refletiu sobre o senso do ridículo: “Prefiro o ridículo de escrever poemas ao ridículo de não escrevê-los”. (Albani da Silva, 15.05.2012)

Rir, chorar ou entender?
Baruch Spinoza (1632-1677) filosofava que “não é rir, nem chorar, mas entender” – isso de acordo com Cathy Fox, personagem de Tariq Ali (1943) em Redenção (1990). Para Ezra Einstein, outro personagem de Ali, e do mesmo livro,“o comportamento é muito claro. Por trás de cada razão de desespero, temos de descobrir uma razão de esperança. As pessoas voltaram-se para a religião porque o mundo secular se identificara com as crueldades associadas na Idade Média à religião”. (Albani da Silva, 15.05.2012)

NUVENS
Para descrever as nuvens
eu necessitaria ser muito rápida –
numa fração de segundo
deixam de ser estas, tornam-se outras.

É próprio delas
não se repetir nunca
nas formas, matizes, poses e composição.

Sem o peso de nenhuma lembrança
flutuam sem esforço sobre os fatos.

Elas lá podem ser testemunhas de alguma coisa –
logo se dispersam para todos os lados.

Comparada com as nuvens
a vida parece muito sólida,
quase perene, praticamente eterna.

Perante as nuvens
até a pedra parece uma irmã
em quem se pode confiar,
já elas – são primas distantes e inconstantes.

Que as pessoas vivam, se quiserem,
e em sequencia que cada uma morra,
as nuvens nada têm a ver
com toda essa coisa
muito estranha.

Sobre a tua vida inteira
e a minha, ainda incompleta,
elas passam pomposas como sempre passaram.

Não têm obrigação de conosco findar.
Não precisam ser vistas para navegar.
(Wislawa Szymborska, Instante (2002), tradução de Regina Przybycien)

LENINEÉ o que me interessa (2009): Taí um dos nossos problemas, só corremos atrás do que nos interessa...

DICAS PARA A SAÚDE DO NENÊ: O aleitamento materno não deve passar dos 35 anos. Caso contrário, o nenê corre o risco de nunca arranjar um emprego. (Albani da Silva, 15.05.2012)

DICAS PARA O MERCADO DE TRABALHO: Em uma entrevista de emprego, evite os erros de português: responda a todas as perguntas in english. (Albani da Silva, 15.05.2012)

NAÇÃO ZUMBI A ilha (2007): A carne é fraca / E o corpo / É uma ilha / À procura / Do sol – Felizmente o historiador Carlo Ginzburg (1939) nos lembra que “nenhuma ilha é uma ilha (2000):
Em busca de novos Arraiais de Canudos
Cavalgando o Vento segue sua busca quixotesca por novos Arraiais de Canudos. Antônios nãos nos faltam; Conselheiros, porém, rareiam. Não, não, ainda, assim, não desistiremos! Embora não tenhamos aprendido a rezar direito – continuaremos a tentar longe de igrejas e supermercados. E mesmo que os corações estejam secos como o Ceará / Nossos ventos são ventos de chuva, tal qual na tempestade de Sell Cotman e sua praia de Yarmouth.  (Albani da Silva, 15.05.2012)
O Arraial de Canudos
Em 1897 / O Exército / Da República brasileira / Recém-proclamada / Mas já controlada pelos fazendeiros de sempre / Os barões do café / Destruiu / O Arraial de Canudos / Chamado também de / Belo Monte / No sertão / Da Bahia / Lá / Quem plantava / Colhia / E comia / Repartindo / O suor / E o fruto do suor / Num clima / Místico / Esperando pelo fim dos tempos / Pela volta de Dom Sebastião / Ou / Pela volta de Cristo / O que dá no mesmo / Pro cristão / Antônio Conselheiro / Liderou / Esta / Fascinante / Experiência / Socialista / Em que o caboclo / E a cabocla / Chocolate e mel / Deixaram / De ser / Servo & Escrava / Pra virar gente / Ainda que humilde / Mas gente. (Albani da Silva, 15.05.2012)

O Rappa Súplica Cearense (2008)

WADO A reforma agrária do ar (2009) - Contra o artista mudo / Contra o ouvinte surdo / Contra o latifúndio / Das ondas do rádio:

Adaíltom Percival da Silva
De acordo com o leitor Adaíltom Percival da Silva (1955), pedreiro, observador de estrelas, eclipses e vaga-lumesnovos arraiais de Canudos precisarão de guerreiros meninos – nada a ver com falcões do tráfico, pistoleiros e outros valentões, mas, sim, homens que também choram:

Gonzaguinha Guerreiro Menino (1976):
Antes de mais nada
Adaíltom Percival da Silva também alerta, em sua missiva, que é indispensável para o sucesso dos novos Arraiais a presença de meninas bonitas:

Pedro Luís e a ParedeMenina Bonita (2011)
Até Breve
Enquanto procuramos/construímos/inventamos novos Arraiais de Canudos, os Cavaleiros do Vento lhes desejam um até breve, ou seja, até a semana que vem!!!

CAVALGANDO o VENTOAté Breve (Albani da Silva, 2012)O artesanato de transformar sentimentos, sonhos e experiências em canção: compor, ensaiar, gravar, divulgar...





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