Almeida Jr.,
O Violeiro, 1899
Tristezas do Jeca
Nos anos 1940 o Brasil começou a deixar
de ser o país do café – apesar de ainda o ser até hoje (?!?). É que
a crise de 1929 e a II Guerra Mundial (1939-1945) fizeram com que o presidente
Getúlio Vargas
(1882-1954)
começasse um processo chamado de Industrialização por
Substituição de Importações, que se resumia em produzir aqui um
pouco dos produtos que comprávamos fora, no mesmo momento em que os países
industrializados europeus paravam de tomar nosso café devido à guerra e outros
entreveros.
Uma primeira e importante leva de trabalhadores rurais
saiu dos sertões brasileiros então e foi ganhar a vida nos centros urbanos
– em especial em São Paulo e arredores. João Salvador Pérez e José
Pérez, ou melhor, Tonico e Tinoco,
foram um desses caipiras que debandaram. O sonho deles? Bem atual: virarem cantores sertanejos. E viraram. A “Dupla
Coração do Brasil” foi a caçula dessas duplas que levaram as modas
de viola sertanejas para o rádio nos anos 1940 e 1950 – entre eles havia também
João
Pacífico, Alvarenga e Ranchinho, Pena
Branca e Xavantinho, Cacique e Pajé,
Tião Carreiro e Pardinho, Cascatinha e Inhana e o padrinho de
todos eles, ou quase, o Capitão Furtado, que
batizou Tonico de Tonico e Tinoco de Tinoco.
Em 1945 gravaram o primeiro disco; e em 1947,
regravaram uma toada caipira de Angelino de
Oliveira (1888-1964) dos anos 1920 – “Tristezas do Jeca”. Tocando em circos, quermesses e
programas de rádio, Tonico e Tinoco venderam
mais de 50 milhões de discos até o fim da dupla em 1994, quando Tonico faleceu.
Foi também em 1947 que estrearam na Rádio Nacional o programa “Na beira da tuia”
que durou até os anos 1970 quando o rock, encabeçado pelo pessoal da Jovem Guarda, começou a ganhar a preferência
dos produtores e ouvintes. Não à toa as duplas “sertanejas” que vieram depois,
rapidinho, acrescentaram guitarras elétricas às suas modas, catiras e
rancheiras, ficando cada vez mais pop-rock.
De acordo com a escritora Rosa Nepomuceno, em seu “Música
Caipira: da roça ao rodeio” (1999), foi em 1930 que Tonico e Tinoco começaram a tocar mundo afora, cantando modinhas
assim:
A muié pra se casá
É
preciso escoiê
Livrá
dos armofadinha
Que
anda no ginguelê.
Seriam, hoje em dia, “armofadinhas que andam no
ginguelê” os “asteróides da paixão”, os “ai, ai, ui, uis da pegação”, assim como “tchu-tchás” e
seus correlatos?
(Albani da Silva, 08.05.2012)
Tonico e Tinoco – Tristezas
do Jeca (1973):
Tonico e Tinoco – O
rei do gado (1973):
Sabiás do
sertão
Mas
a minha dupla caipira predileta é Cascatinha e Inhana,
aquele que matava aula pra tomar banho de cascata; e a Sinhá Ana, aquela que
abreviando vira Inhana! Não tem jeito:
Cascatinha e Inhana – O
meu primeiro amor (1973):
Cascatinha e Inhana – Índia (1973):
TOADA CAIPIRA INTERGALÁCTICA
Em
1969, foi a vez dos Mutantes gravarem a
sua toada caipira (intergaláctica), escrita por Tom
Zé (1936).
Mutantes – 2001 (Tom Zé, 1969):
E por
falar em Tom Zé o rapaz
decidiu opinar em nossa enquete sobre amor e sinceridade:
Tom Zé – O amor é um rock (2007):
O poder da ficção
Poderia falar de um reality show / De Guerra nas Estrelas / Das novelas da TV / Da Publicidade e
Propaganda / Do mercado financeiro / História de pescador / Mas falo mesmo da
última notícia / Um furo jornalístico / Para / Demonstrar / O que é / O poder / Da / Ficção /
Cansada das arengas / Entre a bancada evangélica / De um lado / E os ateus / De outro / A presidenta Dilma mandou
/ O Banco Central / Obedeceu / Nosso Real / Agora já não / Mais / Louva / A Deus / Agora / É / Lula seja louvado
/ Nas notas de 2, 5, 10, 20, 50, 100 / Teve / Deputado / Que se indignou / Não
/ Não foi o / Tiririca / Não. (Albani da Silva, 08.05.2012)
*Para mais informações sobre as novas notas do Real veja e se indigne também aqui e ali:
*Para mais informações sobre as novas notas do Real veja e se indigne também aqui e ali:
Ali Babá
e os 40 ladrões
Não estranha / Que / Esse / Mesmo / Congresso
/ Que / Boicotou o III Plano Nacional de Direitos
Humanos / Em 2010 / Encabeçado pelas bancadas reacionárias / de
plantão / Ou seja / Ruralistas, “evangélicos”,
colaboradores da grande mídia etc / Também /
Derrubou / Em 2011 / O kit escolar Anti-Homofobia / E sabotam também / Há
tempos / O marco regulatório / da radiodifusão / Assim como a Lei Complementar / que
criminaliza / a / Homofobia (PL 122) / Não espanta / Igualmente / Que esse mesmo /
Congresso Nacional / Em que Deputado / Se Indigna / Com as “novas” cédulas de Real / Seja / O
Congresso que votou / Com ampla maioria / o Novo Código Florestal
/ O Código que manda pro espaço / As reservas legais e áreas de preservação
permanente / A responsabilidade / Por parte dos fazendeiros / Com as matas
nativas / E / Em nome do Agronegócio / Sua
soja seus dólares e que tais / Permite o / corte / da mata ciliar / do topo de
morros / entre outros / itens / É / Esse mesmo / Congresso / Eleito / Por / Nós
/ E nosso CALDO DE CULTURA FASCISTA / que / Por ora / Elabora
/ O Novo Código Penal / Brasileiro / Conforme /
Lembra / O Profeta Miquéias / E a profetisa Carina / Já
ameaçando / Descriminalizar / Quem tortura / Animais
/ E quem devasta / O meio ambiente / Lembremos da indústria automobilística,
dos pesticidas agrícolas e outros senões / Não estranha / Mas revolta / E entristece / Se o Novo Código Penal / Vir a ter a
cara / do Datena / do Mota / do Ratynho / do Capitão Nascimento /
Pobre de nós – apenas ladrões de galinhas...
*Nota do MST sobre o “Novo Código Florestal”: Em defesa da preservação ambiental
*Nota do movimento “Crueldade Nunca Mais” sobre o “Novo
Código Penal”, atualmente em discussão no Senado, e as possíveis mudanças
quanto aos maus-tratos a animais e o encampamento da Lei de Crimes Ambientais
pelo Código: Crueldade Nunca Mais
Raul Seixas – Abre-te,
sésamo (1980):
Dia
das Mães
Já faz tempo, lá por
2001, Christopher
Hitchens (1949-2011) foi convidado pelo Vaticano
para fazer o papel de “advogado do Diabo” no processo de canonização da Madre Teresa de Calcutá (1910-1997). Entre muitos outros argumentos apresentados por Hitchens
em resposta às perguntas dos padres, um desses argumentos, bem interessante,
contrário à canonização da missionária albanesa que fez fama na Índia: “Ela (Madre Teresa)
se opunha ferrenhamente à única política que já conseguiu reduzir a pobreza em
qualquer país – ou seja, o fortalecimento das mulheres e seu controle sobre a
própria fertilidade”. Caminhavam os dois, Hitchens, o repórter, e a Madre,
pelas ruas de Calcutá quando a freira expôs seus pensamentos ao jornalista
inglês, conforme publicado no artigo “O diabo e madre Teresa” do livro “Amor, Pobreza e
Guerra” (2004). Em 2003, Madre Teresa foi beatificada, estágio
anterior à canonização. (Albani
da Silva, 09.05.2012)
Você já parou para pensar em como nós, jovens,
mudamos de um ano para o outro? E depois de se passarem 3 anos? É impossível
não notar! Tudo é “ultrapassado” para nós, estamos sempre inovando ou querendo
inovar. Mas será que isso
quer dizer que somos autênticos?
A juventude de hoje está muito
ligada à indústria cultural. Nós, jovens,
somos altamente influenciados por ela, e ao seguirmos seu padrão, achamos que somos os “maiorais”,
que somos “autênticos”. Mas autêntico, na minha opinião, é
aquele jovem que age, decide e opina por si
próprio, levando em conta o que pensa e o que está certo.
Nós, jovens, somos o futuro, e,
por isso, devemos nos conscientizar. Devemos deixar de lado a imagem que querem
da gente (entenda-se, a
mídia POP e a indústria da cultura) e nos mostrar do jeito que
somos. E o mais importante é que devemos fazer a diferença.
É muito difícil ser jovem atualmente,
e isso é compreensível. O mundo está cada vez mais
violento, problemático e indiferente. E não podemos nos acostumar com isso,
não é o certo, mas, infelizmente, é o que acontece. E a juventude é o maior fator possível que pode mudar essa
realidade ruim, mas acomodadora.
Abra os olhos e viva essa sua juventude. Seja
autêntico, aja e transforme. Não se acostume com MIGALHAS. Não se
deixe influenciar, pois quando se tornar adulto e um verdadeiro “ultrapassado”,
vai sentir falta do “poder” que um dia já teve. (Angélica Andrade Reis – Estudante
de 8ª série da EMEF Alberto Pasqualini Gravataí/RS, 08.05.2012)
CAVALGUEM
o VENTO, CAVALGUEM o VENTO – Não há nada mais rebelde do que ele
Leitores e simpatizantes,
façam como a estudante Angélica Reis e enviem
seus escritos, poemas, contos, crônicas, sugestões de assuntos, vídeos e
músicas para o CoV – dentro do possível, estaremos publicando-os.
Construir um Círculo de Leitores é construir um Círculo de Escritores.
Escrever e ler para que mesmo? Nas palavras de Zygmunt Bauman
(1925), em seu “Comunidade: a busca por segurança no
mundo atual” (1998): “E no entanto — como colocou
Cornelius Castoriadis — o problema da condição contemporânea de nossa
civilização moderna é que ela parou de questionar-se. Não formular certas
questões é extremamente perigoso, mais do que deixar de responder às questões
que já figuram na agenda oficial; ao passo que responder o tipo errado de
questões com freqüência ajuda a desviar os olhos das questões realmente
importantes. O preço do silêncio é pago na dura moeda corrente do sofrimento
humano. Fazer as perguntas certas constitui, afinal, toda a diferença entre
sina e destino, entre andar à deriva e viajar. Questionar as premissas
supostamente inquestionáveis do nosso modo de vida é provavelmente o serviço
mais urgente que devemos prestar aos nossos companheiros humanos e a nós mesmos”. (Albani da Silva,
10.05.2012)
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