Otto Dix, Rua de Praga, 1929
Quem será o MENOR brasileiro de
todos os tempos?
Por sugestão do leitor Policarpo
Quaresma (? - 1892) a enquete do mês de outubro pergunta aos
leitores e leitoras - Quem será o MENOR brasileiro de
todos os tempos?
Em seu tuíte telepático, o Major Quaresma não nos
especificou o que ele quis dizer com menor: Baixinho? Sacana? O contrário de
maior? Acorde em tom menor?
Deixamos para que os
Ventosos leitores decidam.
Abaixo, apresentação
pessoal de cada candidato:
Capitão Nascimento (?)
– Sou
o mais recente “herói” do cinema brasileiro, torturador e pistoleiro,
integrante da polícia militar carioca. Protagonista dos filmes “Tropa de Elite”
1 & 2 (2007 e 2010, respectivamente, Dir.:
José Padilha), eu, Capitão Roberto Nascimento, virei astro pop ao atuar na segurança pública do
Brasil agindo tal qual os criminosos. Soldado profissional, mas pai e marido
amador, virei Sub-Secretário de Inteligência no RJ. Como um bom moço, ingênuo e
logrado, percebi que era fantoche de políticos pilantras.
Ditadores Militares – Como uma espécie de Hidra de 5 Cabeças
(nem um pouco rara na fauna da América Latina), protagonizamos o Regime Militar
brasileiro (1964 a 1985). Fomos presidentes-generais, eleitos pelos próprios colegas
militares na seguinte hierarquia (pilar virtuoso para uma Nação Ordenada e
Desenvolvida): 1) Humberto de Alencar Castelo Branco
(1897-1967); 2) Artur
da Costa e Silva (1899-1969); 3) Emílio Garrastazu Médici
(1905-1985); 4) Ernesto
Geisel (1907-1996); 5) João Batista Figueiredo (1918-1999). Censura, perseguições
e torturas contra a oposição política; centenas de mortos e desaparecidos;
industrialização dependente e conservadora; êxodo rural gigante;
desmantelamento do primeiro período democrático brasileiro (1946 a 1964); crise
da dívida externa; eis alguns trunfos nossos - Hidra verde-oliva que viveu 21
anos.
Domingos
Jorge Velho (? – 1703): Fui Bandeirante.
Procurei ouro nos sertões. Caçador de índios e protagonista da destruição do Quilombo dos Palmares em 1695. Matei Zumbi.
Levei a cabeça dele para Recife com André Furtado de Mendonça.
Eu – Levanto na matina. Pego ônibus lotado. Sou
trabalhador assalariado. Gremista. Casei há 5 anos. Tenho duas amantes. Pai.
Mas só de vez em quando. Pago 1352 impostos. Só sei o nome de 2. Católico
não-praticante. Não. Espírita. Não. Evangélico. Não. Umbandista. Sei lá. Político
é tudo ladrão. Voto nulo. Gosto de novela. De cerveja. Sou gremista. Ah! Já
disse. Não gosto de cemitério. Gosto de loura. Furo fila. Vou trabalhar na
Copa. Só não sei se do bar ou do Mundo. Morri aos 27 com uma bala perdida. Não.
Nada. Num racha na Dorival. Creio na vida eterna. E em Deus. Gooooool. Amanhã
pagaria a prestação 3458 do meu Fiat Uno. Começaria cursinho de Inglês e
Informática. Fazer o quê. Morri. Ou melhor. Me mataram. Não tinha soro, nem
seringa, nem agulha, nem esparadrapo, nem enfermeira, nem médico no Hospital
público. Só um padre.
Silvio Santos – “Gostaríamos de entregar uma Menção Honrosa ao Patrão.
Mas como nos lembra o Major Quaresma, precisamos preservar a lisura
da enquete e isso implica em apenas reconhecermos que a sondagem de outubro foi
inspirada no canal do Seu Silvio” (Ass.: Os Redatores do
Vento).
Frodo
Bolseiro (2968 da 3ª Era do Sol - ?) – Sou um Hobbit, portanto não passo de um metro de
altura. Moro na Terra Média. Meu tio foi outro famoso baixinho, Bilbo. Meu pai era inglês, J.R.R. Tolkien (1892-1973) - escrevia
livros. Se sou brasileiro? Bem, meu pai sempre me ensinou que a ficção não tem
pátria. Vote em mim! Afinal, o Anel de Sauron
me dá poder, deixando-me muito malvado ou, no mínimo, atormentado.
Pedro
Álvares Cabral (1467-1520)– Chamava-me então Pedro Álvares
de Gouveia quando, em nome d´El-Rei Dom Manoel, comandei a esquadra que
oficializou o controle português das terras brasileiras, em 22/04 de 1500. Andei pela Índia e, após a
morte de meu irmão mais velho, herdei o sobrenome do pai – Cabral.
Corrigi alguns erros de português na carta do Caminha,
ainda que o meu forte fosse mesmo a Matemática. Chorei ao ver o
grande Bartolomeu
Dias morrer no mar. Morrer no mar não é doce, não! Enganaram-se os
pescadores, os poetas e a música do Dorival Caymmi.
Dori
Caymmi – É
Doce Morrer no Mar (1984):
Raul
Seixas – Não fosse o Cabral (1983):
PC Farias (1945-1996): Paulo César Farias. Fui tesoureiro da
campanha vitoriosa de Fernando Collor de Mello (1949)
nas eleições para Presidente de 1989. A primeira eleição com voto direto
popular desde 1960! Só porque me desentendi com o irmão do Presidente, com a Veja
e com a Grobo
me acusaram de chefiar um enorme esquema de corrupção. Ora, sem o dinheiro
arrecadado na campanha, Collor não teria desbancado o metalúrgico Lula
(1945) naquele pleito de 89. São ingratos esses burgueses, não?
Roberto
Marinho (1904-2003): Jornalista e
empresário. Fundei um Império Grobal. Defendi a Hidra de 5 Cabeças
nos editoriais do meu tabloide. Ora, recebi deles a licença pra inaugurar minha
rede televisiva. Rede esta que ajuda a formar o imaginário popular brasileiro
há meio século.
Zé Pequeno (?): Perdeu preibói se me
chamá de Dadinhu! Tipu nóis semu confirmadu aqui na CDD nóis é que manda metê
bala nos homi e nóis trafica e paga arrego prus colega do Capitão Nascimento
mais nóis é que nem o Nascimento pobre e sanguinário. Vota em mim se não tu
acorda furado maguinata! Sarve sarve Paulo Lins (1958).
Playing For Change – Nda (2010):
Playing For Change –Teach
Your Children (2012):
Triste Fim de Policarpo Quaresma
Epitáfio
do Major
Quaresma: “Iria morrer, quem sabe naquela noite mesmo? E que tinha
ele feito de sua vida? Nada. Levara toda ela atrás da miragem de estudar a
pátria, por amá-la e querê-la muito, no intuito de contribuir para a sua
felicidade e prosperidade. Gastara sua mocidade nisso, a sua virilidade também;
e, agora, que estava na velhice, como ela o recompensava, como ela o premiava,
como ela o condecorava? Matando-o. E o que não deixava de ver, de gozar, de
fruir, na sua vida? Tudo. Não brincara, não pandegara, não amara – todo esse
lado da existência que parece fugir um pouco à sua tristeza necessária, ele não
vira, ele não provara; ele não experimentara”. (Lima Barreto, 1911).
Playing
For Change – One Love (2009):
Playing For Change –Mellow
Mood (2012):
Playing For Change – Samba
de Viola (2010):
Playing For
Change – Sittin´on the dock of the bay (2009):
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