sexta-feira, 17 de maio de 2013

Ao amigo do meu amigo


Fernand Léger, Os grandes mergulhadores negros, 1944


            O tio Marcelo Maggi escreveu ao sobrinho, o jovem autor Emilio Renzi, que escreveu a Ricardo Piglia (1940) que, por sua vez, escreveu:
           
         “O amigo de um amigo meu uma vez teve um acidente: um sujeito meio louco o agrediu com uma navalha e o manteve sequestrado no banheiro de um bar durante quase três horas. Queria que lhe dessem um automóvel e um passaporte e que o deixassem atravessar a fronteira para o Brasil, do contrário seria obrigado a matá-lo (ao amigo do meu amigo). O louco tremia como um possesso e encostou a navalha na garganta dele e em dado momento obrigou-o a se ajoelhar e rezar o pai-nosso. A coisa estava ficando cada vez mais preta quando de repente passou o acesso do louco e ele soltou a arma e começou a pedir desculpas a todo o mundo. Não há quem não tenha seus momentos de nervosismo, dizia. O amigo de meu amigo saiu do banheiro caminhando como se estivesse dormindo, encostou-se numa parede e disse: Finalmente alguma coisa me aconteceu. Finalmente alguma coisa me aconteceu, não é sensacional?, escrevia-me Maggi”. 
(Ricardo Piglia, Respiração Artificial, 1980)


Talking HeadsCrosseyed and painless (1980)

Talking HeadsAnd she was (1985): 

David Byrne and St. VincentWho (2012): 


Talking HeadsOnce in a lifetime (1981)

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