quinta-feira, 13 de junho de 2013

Sobre Heróis e Líderes

Rosa Bonheur, Buffalo Bill, 1889


Revolução, revolta ou um simples protesto precisam de líderes fortes. Acaba-se com o antigo regime - o governante corrupto, o rei já sem poder; mas acaba-se também com os “niveladores” e “escavadores” que propõem redistribuir a riqueza, mas pouco fazem para isso, restritos a discursos ou ao enriquecimento pessoal. Ao menos foi assim na minha República, entre 1649 e 1660, na Inglaterra. Tudo começou quando o rei Carlos I quis enfiar goela abaixo o anglicanismo em terras escocesas e presbiterianas. E eu fui o líder forte, o Lorde Protetor, vindo do Exército a derrubar os conservadores, a eliminar os igualitários”.
(E-mail enviado por Oliver Cromwell a Luís XIV então criança em 1650 mas já querendo mandar)

Os motivos para uma revolta generalizada podem ser muitos: a falta de diálogo; o excesso de diálogo; a fome e a seca; a falta de liberdade; o excesso de liberdade; o desemprego e a inflação; mentiras repetidas que viram verdades; verdades que de tão distorcidas voltam a ser translúcidas até ao mais cego dos mortais; mulheres e livros; mas, sobretudo, a revolta parte de uma ideia ou sentimento de que “morrer não é nada; não viver é que é horrível”!
(No tuítter de Jean Valjean com dedicatória ao miserável Vitor Hugo em 1862)

Soul II Soul Back to Life (1989): 

Depeche Mode – Enjoy the silence (1990)


O que faz um líder? Lidera, oras. Mas como se lidera? De preferência protagonizando ações a partir do que se conhece bem – como eu: filho e neto de marinheiros, naveguei mares e rios da Europa e da América do Sul em nome de boas causas. Assim como, um líder começa liderando seus amigos mais próximos - aqueles que comungam dos mesmos ideais ou apertos: em meu caso, as ideias republicanas de Giuseppe Mazzini e o exílio político no Brasil em 1836. Mas acima de tudo, um líder não pode ser apenas um guerreiro. Vejamos o caso de Davi Canabarro, na Guerra dos Farrapos, que foi talentoso em combate, mas arrogante e autoritário na paz após a conquista de Laguna durante a República Juliana de 1839. Mas como dizia, a principal virtude de um herói, ou melhor, líder (estou tentando ser modesto!), é não perder a esperança! Quando meu lanchão, Seival, naufragou na barra do rio Araranguá, na expedição a Santa Catarina, com os farroupilhas, perdi meus maiores parceiros, brilhantes corsários: Carniglia, Starderini, Mutru – morreram todos afogados. Perdi também a guerra, já que em Imbituba os farrapos foram expulsos da província sitiada e voltaram ao Rio Grande do Sul pra continuar sua luta regional, igualmente fracassada, contra o Império brasileiro. Mas eu, particularmente, saí vitorioso de tudo isso: ganhei uma bela morena catarininha - Ana Maria de Jesus Ribeiro, minha Anita Garibaldi. Viveu tão pouco, a morena, mas tão intensamente... Lutando ao meu lado... Me amando... Não me considere um individualista a pensar só em meu umbigo por causa do amor! Entenda minha situação: já que dediquei minha vida a lutar pela liberdade dos povos, por governos republicanos, nada mais justo do que a busca e a conquista da felicidade pessoal. Um direito essencialmente moderno e que deve ser garantido pelo Estado laico e democrático que ajudei a inventar.
(Escrito nas areias de Marselha por um Garibaldi já meio caduco aos 75 anos de idade em 1882)

O Garibaldi sempre foi um exagerado”.
(SMS enviada em 2013 por Anita ao Albani após um cruzeiro pelo Mediterrâneo com a amiga Angelina Jolie que a interpreta no longa “Dois Mundos, Uma Heroína”)

“Para quem defende a ordem, a desordem sempre pode ser útil. O espírito carnavalesco, a anarquia cômica, o burlesco são coisas que podem reforçar o senso comum e costumam agradar às massas, acalmando-as mais até do que a porrada e o medo. Tinha isso em mente quando criei meu espetáculo sobre o “Velho Oeste Selvagem” em 1883 – renovava então a estética circense com suas acrobacias (utilizando-me de cavaleiros e pistoleiros) assim como valendo-me de excentricidades para cativar o público: mulheres masculinizadas como Jane Calamidade; árabes, cossacos e mongóis; e índios americanos como você, Touro Sentado – diga-se de passagem você nunca viveu tão bem quanto nos anos de Wild West Show: longe das guerras por terra contra o General Custer e sua cavalaria, como lá em Little Big Horn, ou melhor ainda do que agora nesta seita mística que entrastes e que prega o extermínio do homem branco pelo próprio Cristo que voltará só não se sabe quando. Essas paranoias místicas ainda serão o seu fim, Touro Sentado! Enquanto você busca a salvação, índio velho, eu colho os louros de ser o precursor dos programas debochados ou sensacionalistas de auditório – que depois foram parar na TV: do Chacrinha ao Ratinho chegando ao Pânico. Sendo assim, líderes de verdade na história atual somente os empresários, os empreendedores, que enriquecem e sabem ganhar no jogo da vida”.
(Mensagem telepática enviada por Buffalo Bil a Touro Sentado depois que este mugiu e levantou em 1890) 


Depeche Mode Personal Jesus (1990)


Soul II Soul – Keep on movin´(1989): 



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