E aqui inspiraram
Peixoto, Almeida, Millôr e Leminski
Matsuo
Bashô(1644 a 1694)
Doente da
viagem
Meus sonhos
perambulam
Pelo campo
seco
Arte
de Resumir
(Afrânio Peixoto – 1876 a 1947)
O ipê florido,
Perdendo todas
as folhas,
Fez-se uma
flor só.
Yosa Buson (1716 a 1783)
Uma pipa
No mesmo lugar
Do céu de ontem
Infância
(Guilherme de Almeida – 1890 a 1969)
Um gosto de
amora
comida com
sol. A vida
chamava-se
“Agora”.
Kobayashi
Issa(1763 a 1827)
A quem me
visita
O perfume da
ameixeira
E a taça lascada
Paulo Leminski(1944 a 1988)
passa e
volta
a cada gole
uma revolta
amei em cheio
meio amei-o
meio não amei-o
Masaoka Shiki (1867 a 1902)
Um dia inteiro
Lavrando o campo
No mesmo lugar
Millôr Fernandes (1923
a 2012)
Esnobar
É exigir café fervendo
E deixar esfriar
[Poemeu efemérico]
Viva o Brasil
Onde o ano inteiro
É primeiro de abril
3 haicais de estudantes*
1)Amor
(Josiane
Miranda)
Amor rima
Com dor
Porque machuca o coração
2)Amizade
(Luiza Lopes Brum
Padilha e Bruna Perez)
Para encontrar a verdadeira amizade
É preciso lavar as mãos
Com o fogo das estrelas
3)Família
(Josiane
Miranda, Yuri Menger, Raquel Melo)
Família é o lar
Onde eu posso morar
Até minha vida acabar
·Josi, Yuri, Raquel, Luiza e Bruna são estudantes da EMEF
Alberto Pasqualini, Gravataí/RS, e escreveram estes haicais numa rápida viagem
ao Japão durante a 1ª Gincana Jovem da escola.
CoV- Guria (Chuva Caindo): NÃO DEIXE DE COMPARTILHAR O NOVO VÍDEO DO COV!!!
Marilyn Monroe(1926
a 1962) –“Penso
que mulher bonita não sofre discriminação. Há muito tempo eu não sei o que é
machismo. Desde quando fui para Hollywood todos os homens só me paparicaram,
cortejaram, adularam como se eu fosse a última rainha do mundo! E igualzinho ocorre
agora no Paraíso. Ainda assim me sinto tão triste e insegura”...
Princesa Isabel(1846
a 1921)
– “Quantas belas moças negras foram escravizadas? E mesmo as
forras eu vi sendo humilhadas, ofendidas, mal-tratadas, seviciadas durante o
século XIX no Brasil Império. Não foi uma nem duas: foram muitas! Muitas! Muitas!
E continua assim, não continua, cara leitora do Vento?”
Yoko Ono(1933)–“Woman is the nigger of the world. A mulher é o escravo do mundo. Nós a
fizemos pintar o rosto e dançar. Nós a insultamos todo dia na TV. A mulher é a escrava
dos escravos. Fazer os homens se esquecer do machismo não é a questão
principal, mas sim fazer as mulheres reagir ao machismo: de objetos sexuais a
indivíduos pensantes e políticos, este continua sendo o desafio”.
Joana D´Arc(1412 a 1431)– “Assim
como me passei por homem para lutar pela França, os homens todos deveriam se
transformar um diazinho sequer em mulher. Só provando do próprio veneno é que
eles darão valor ao regaço materno, à ternura do coração da amada, ao
companheirismo da irmã, à experiência da avó. Mas acuda-nos o Todo Poderoso
para que quando este dia chegar não chegue para todos os homens ao mesmo tempo.
Primeiro uma metade, depois a outra. Se todos virarem mulher no mesmo instante,
eles não aprenderão nada”.
Maga Patalógika(1961)
–“Só
com feitiço, bruxaria pesada, para que os homens se esqueçam do machismo. Há um
livro de sortilégios, guardado num baú por bruxas napolitanas, há séculos, em
que se lê que a poção mágica, seja ela qual for, deve começar com o seguinte
encantamento: eu
desconfio do diabo a quatro desde nascença, menos do meu marido, do meu pai e
do meu irmão, pois eu sei que todo homem de agora em diante ama, respeita e
pede licença”.
2) Quatro
músicas para pensar sobre o tema
CoV - Diga Cá – Neste baião, perguntamos
às mulheres, protagonistas do século XXI, sobre o que faz do brasil, Brasil?
CoV - Pequena Gaulesa – O sentido lírico que alguns homens atribuem às mulheres
ao mesmo tempo em que outros atribuem truculência e brutalidade no seu afeto.
CoV - Lucy não se esqueça de mim – Às vezes, a amizade entre o homem e a mulher
é impossível. Espécie de jogo de soma zero tudo ou nada amor ou distância adeus
não estou atrasado mas preciso ir.
CoV- Até Breve– “Só pela mulher há
beleza no mundo” (André Breton – 1896 a 1966).
3) E uma
crônica feminina para encerrar
Ana e Paulo, antes e depois de
casados
*Joyce Rafaella Ataíde da Silva
Ana
trabalhava num consultório médico, até que um dia conheceu Paulo: foi amor à
primeira vista. Ele era jovem e atuava na mesma área que Ana, cuidando dos
papéis da clínica e agendando as consultas dos pacientes.
Os
dois começaram a sair, em seguida começaram a namorar e por fim, pouco depois,
se casaram. Ana e Paulo eram muito felizes antes de morar juntos, mas Ana mal
sabia que sua vida viraria um inferno na nova casa.
Recém
casados, Paulo exigiu que Ana parasse de trabalhar. Ela não entendeu o porquê
de Paulo fazer a ela esse pedido, mas como ela o amava acabou aceitando. Logo
depois ele a proibiu de ver toda sua família, não usar roupa curta e muito
menos sair sozinha.
Ela
se desgostou – do trabalho doméstico, do amor, da vida. Paulo inclusive bateu nela em
duas situações e falou muitas coisas que a deixou ainda mais triste. Ela queria
muito voltar ao antigo emprego, mas ele dizia que lugar de mulher era dentro de casa lavando a
louça, lavando a roupa, enfim, sendo escrava dele.
A
vida de Ana era uma rotina só, até que um dia, cansada de tudo, foi até ele e estourou:
estava farta e que ele era um bosta de homem que não a satisfazia e que ela ia
trabalhar e voltar a sua vida normal. Também falou que ainda gostava dele, mas
daquele homem de antes, não o covarde de agora.
Ele,
sem reação, vendo a atitude corajosa e sincera de Ana, parou para pensar. E o
temor da perda de sua companheira o fez mudar a cabeça. Esquecia assim os
conselhos do pai que lhe ensinou a conquistar as meninas com romantismo e
depois “pô-las nos eixos”, “mantê-las no lugar” com autoritarismo e virilidade.
Assim deixou de ser aquele homem grosso para voltar a ser o que era antes do
casamento, largando de mão o machismo e tratando Ana com todo amor e carinho.
Este foi o dia em que, ao menos o Paulo, se esqueceu do machismo.
* Joyce Rafaella é estudante da EMEF Alberto
Pasqualini, em Gravataí/RS, e compôs esta crônica com a calma e elegância
costumeiras numa manhã preguiçosa de terça – bom momento para se discutir História.
CoV – Guria (Chuva Caindo): Faixa de
abertura do álbum "Cavalgando o Vento", gravado entre Julho
de 2012 e Agosto de 2013, noEstúdio LACOS,
em Cachoeirinha/RS, com produção de Cleiton Amorime apoio doFUCCA
(Fundo da Cultura de Cachoeirinha).
Ficha
Técnica da canção:
Letra, Música, Voz e Harmônica: C. A. Albani da Silva Violões e Guitarra: Mick Oliveira Sopros: João Cândido Coro: Heigli Amorim Baixo, Bateria e Teclado: Daniel "San" Técnico de Áudio: Luan Henrique Produção: Cleiton Amorim
Ficha Técnica do VIDEOCLIPE: Dir.:C. A. Albani da Silva Produção:CoV Produções
Atores em ordem de aparição:
Erick Farias / Aline Albani / Luan Santos / Amanda Machado / Ana Lúcia
Freitas / Clarice Freitas / Mick Oliveira / Amaro Flores Castilhos / Maicon
Albani / Lucas Hermes / Kellwyn Quadros e Kézia Almeida / Josiane Miranda /
Kémyly Vidal / Arthur Webber / Caroline Rodrigues / Inventor do Vento / Alex
Albani / Lessandro Albani / Vanessa Jablonski / Rodrigo Monteiro / Alexsandra
da Rosa / O Esqueleto / Ronnyelly Erich e Guilherme Moraes / canelas de Maria
Albani / Alexia Menezes / Camila Somensi / Andreia Freitas / Amanda Bandeira da
Silva.
Que os Bons Ventos soprem para sempre no coração
de cada um dos atores que carinhosamente participaram deste vídeo.
1.E se nas próximas eleições 83%
dos votos em Brasília fossem em branco?
2.E se a graça dos Protestos de Junho de 2013, tal qual a branca Pomba do Rio Jordão, ou do Espírito Santo, tanto faz, reaparecesse, agora nas urnas?
3.Isto já aconteceu! Ao menos na
fictícia Lisboa de José Saramago (1922-2010), conforme seu “Ensaio
sobre a lucidez” (2004).
4.Quatro anos após a epidemia de cegueira que acometeu
meio-mundo a partir de Portugal.
5.A nova epidemia foi justamente
a do voto em branco.
6.Os ministros do interior e da justiça colocaram espias nas
ruas; interrogaram exatos 500 cidadãos.
7.Mas os cidadãos levaram a lei
ao pé da letra. Sendo o voto secreto, nenhuma autoridade pode exigir do eleitor
que revele em quem votou.
8.Os governantes da capital lusitana declararam estado de
exceção, em seguida, estado de sítio. Muito confusos, transferiram a sede do
governo central e do congresso para outra cidade; cercaram com as Forças
Armadas entradas e saídas de Lisboa.
9.Políticos profissionais e
polícias sumiram da cidade então. Os lixeiros ameaçaram greve: instigados pelo
alarmismo apocalíptico da imprensa e pelos cutucos do ministério do interior.
10.Quando o lixo se acumulou nas calçadas, donas de casa
saíram de pá e vassoura em mãos e recolheram a sujeira.
11.Assim o governo, protagonista
de uma fuga sem precedentes, de dar inveja até mesmo em Dom João VI, tentou a
todo custo: “fazer-lhes (aos eleitores brancosos) perceber que um uso sem freio do
voto em branco tornaria ingovernável o sistema democrático”. 12.Sozinho na administração da
metrópole o presidente da câmara municipal andou pelas ruas, conversou com
brancoso e concluiu que o partido da situação, então o p.d.d. (partido da
direita), mas também o partido da oposição (p.d.m. – partido do meio) e, quiçá,
o nanico p.d.e. (partido da esquerda) não faziam falta alguma à população, que
seguia sua vida em relativa tranquilidade.
13.O ministro da defesa autorizou
e uma bomba explodiu no metrô leste, vitimando 33 pessoas e fazendo o
presidente da câmara renunciar ao cargo diante de tal covardia.
14.O povo reagiu com uma marcha silenciosa e pacífica até o
palacete do governo.
15.Após o ato terrorista, que o
governo e a imprensa fizeram de tudo para imputar aos brancosos, os eleitores do p.d.d. e
do p.d.m tentaram também eles sair da cidade.
16.A nova comitiva de fugitivos porém retornou aos seus lares
por influência do discurso do 1º ministro que clamou pelo patriotismo dos
conservadores legalistas contra os subversivos do voto em branco.
17.Embora com muitas previsões
funestas de retaliações contra os legalistas, ventiladas pela mídia, os
brancosos gentilmente ajudaram aqueles a descarregar os carros, ampararam
também seus velhinhos, em suma, acudiram os vizinhos em sua volta pra casa.
18.Numa reunião do conselho de ministros o da justiça (se não
me engano) sugeriu que podia haver alguma relação entre os votos em branco e a
epidemia de cegueira que tomou as ruas 4 anos antes.
19.Com discurso em cadeia nacional
de rádio e TV, mais uma enxurrada de panfletos jogados desde as alturas por helicópteros
oficiais, o presidente instigou as pessoas a equipararem o caos da cegueira com
a atual rebelião do voto em branco.
20.Justamente um dos sobreviventes da epidemia, o motorista a
quem a tal cegueira 1º acometera, escreveu aos chefes de estado acusando a
mulher do oftalmologista, exatamente quem lhe salvou, e a mais 5, nos tempos da
falta de visão, de estar por trás desse boicote ao governo. Pois, como ele revelou na
carta, ela foi a única pessoa a não cegar quatro anos antes.
21.Três detetives entraram assim
às escondidas em Lisboa para investigar os supostos líderes rebeldes.
22.Mais do que identificar as raízes da rebelião, o ministro
do interior, em conflito pessoal com o premier,
queria era criar falsas provas contra a mulher do oftalmo; ou seja, pretendia
arranjar um bode expiatório para o caso singular dos brancosos.
23.A cidade prosseguia sossegada e
tranquila, sem autoridades, governo, vigilância e polícia. As fábricas
reduziram, de modo geral, o ritmo das suas atividades; o exército continuou
controlando a chegada de alimentos; mas Lisboa parecia não sentir falta
das velhas instituições.
24.O comissário, chefe da investigação, nas cifras em que
dialogava com o ministro do interior, papagaio do mar, já o ministro do
interior, alcunhado albatroz, compreendeu em poucos dias de busca que,
de fato, a mulher do oftalmo e seus amigos não tinham nada de líderes rebeldes.
25.Porém, o ministro publicou nos
jornais a foto da moça, do oftalmo e dos outros 5, apontando-os como as “cabeças”
dos brancosos. Além da esposa do oftalmo ser acusada de assassinato: que de
fato cometeu, mas contra um estuprador que violou as mulheres do manicômio em
que os cegos pela epidemia foram postos de quarentena.
26. Indignado, o comissário, ou papagaio do mar, escreveu
artigo e o publicou num pequeno jornal de esquerda, que adaptou o texto para
fazê-lo escapar da censura e assim denunciar o engodo, ou armação,
governamental.
27.Recolhido o jornal das bancas,
os próprios cidadãos distribuíram desde as janelas dos apartamentos e de mão em
mão mesmo fotocópias do artigo.
28.Sentindo-se mais aliviado e esperançoso, o comissário
relaxava em praça pública quando foi assassinado pelo homem da gravata azul com
bolinhas brancas. E o ministro do interior ainda inventou que ele foi morto
pelos brancosos, por ter revelado a identidade de sua liderança: a mulher do
oftalmo que não ficara cega.
29.Metade do país saiu às ruas em
protesto e assim o primeiro-ministro demitiu o ministro do interior.
30.O homem da gravata azul com bolinhas brancas matou a mulher
do oftalmo logo após levarem o oftalmo preso em algemas.
31.Como será no Brasil ano
que vem?
Nação
Zumbi – Maracatu
atômico(2012): Célebre
canção de Jorge Mautner e Nelson Jacobina a transbordar surrealismo.
Zé
Ramalho – Chão de Giz (1978): Outra porrada surrealista, agora de um poeta do sertão paraibano.
Seu
Pereira e Coletivo 401– Menina E.T.(2013):
Um brega que não
tem nada de bobo lá de João Pessoa (PB).