terça-feira, 30 de outubro de 2018

SOBRE HERÓIS & LÍDERES



SOBRE HERÓIS & LÍDERES
(c. a. albani da silva, o inventor do vento)

1. “Revolução, revolta ou um simples protesto precisam de líderes fortes. Acaba-se com o antigo regime - o governante corrupto, o rei já sem poder; mas acaba-se também com os “niveladores” e “escavadores” que propõem redistribuir a riqueza, mas pouco fazendo para isso, restritos a discursos ou ao enriquecimento pessoal. Ao menos foi assim na minha República, entre 1649 e 1660, na Inglaterra. Tudo começou quando o rei Carlos I quis enfiar goela abaixo o anglicanismo em terras escocesas e presbiterianas. E eu fui o líder forte, o Lorde Protetor, vindo do Exército a derrubar os conservadores, a eliminar os igualitários”.
(E-mail enviado por Oliver Cromwell a Luís XIV, então criança, em 1650, mas já querendo mandar)

2. “Os motivos para uma revolta generalizada podem ser muitos: a falta de diálogo; o excesso de diálogo; a fome e a seca; a falta de liberdade; o excesso de liberdade; o desemprego e a inflação; mentiras repetidas que viram verdades; verdades que de tão distorcidas voltam a ser translúcidas até ao mais cego dos mortais; mulheres e livros; mas, sobretudo, a revolta parte de uma ideia ou sentimento de que 'morrer não é nada; não viver é que é horrível'”!
(No tuítter de Jean Valjean com dedicatória ao miserável Vitor Hugo em 1862)

3. “O que faz um líder? Lidera, oras. Mas como se lidera? De preferência protagonizando ações a partir do que se conhece bem – como eu: filho e neto de marinheiros, naveguei mares e rios da Europa e da América do Sul em nome de boas causas. Assim como, um líder começa liderando seus amigos mais próximos - aqueles que comungam dos mesmos ideais ou apertos: em meu caso, as ideias republicanas de Giuseppe Mazzini e o exílio político no Brasil em 1836. Mas acima de tudo, um líder não pode ser apenas um guerreiro. Vejamos o caso de Davi Canabarro, na Guerra dos Farrapos, que foi talentoso em combate, mas arrogante e autoritário na paz após a conquista de Laguna durante a República Juliana de 1839. Mas como dizia, a principal virtude de um herói, ou melhor, líder (estou tentando ser modesto!), é não perder a esperança! Quando meu lanchão, Seival, naufragou na barra do rio Araranguá, na expedição a Santa Catarina, com os farroupilhas, perdi meus maiores parceiros, brilhantes corsários: Carniglia, Starderini, Mutru – morreram todos afogados. Perdi também a guerra, já que em Imbituba os farrapos foram expulsos da província sitiada e voltaram ao Rio Grande do Sul pra continuar sua luta regional, igualmente fracassada, contra o Império brasileiro. Mas eu, particularmente, saí vitorioso de tudo isso: ganhei uma bela morena catarininha - Ana Maria de Jesus Ribeiro, minha Anita Garibaldi. Viveu tão pouco, a morena, mas tão intensamente... Lutando ao meu lado... Me amando... Não me considere um individualista a pensar só em meu umbigo por causa do amor! Entenda minha situação: já que dediquei minha vida a lutar pela liberdade dos povos, por governos republicanos, nada mais justo do que a busca e a conquista da felicidade pessoal. Um direito essencialmente moderno e que deve ser garantido pelo Estado laico e democrático que ajudei a inventar.
(Escrito nas areias de Marselha por um Garibaldi já meio caduco aos 75 anos de idade em 1882)

4. “O Garibaldi sempre foi um exagerado”.
(Whatsapp enviado em 2013 por Anita ao Albani após um cruzeiro pelo Mediterrâneo com a amiga Angelina Jolie que a interpreta no longa “Dois Mundos, Uma Heroína”)

5. “Para quem defende a ordem, a desordem sempre pode ser útil. O espírito carnavalesco, a anarquia cômica, o burlesco são coisas que podem reforçar o senso comum e costumam agradar às massas, acalmando-as mais até do que a porrada e o medo. Tinha isso em mente quando criei meu espetáculo sobre o “Velho Oeste Selvagem” em 1883 – renovava então a estética circense com suas acrobacias (utilizando-me de cavaleiros e pistoleiros) assim como valendo-me de excentricidades para cativar o público: mulheres masculinizadas como Jane Calamidade; árabes, cossacos e mongóis; e índios americanos como você, Touro Sentado – diga-se de passagem você nunca viveu tão bem quanto nos anos de Wild West Show: longe das guerras por terra contra o General Custer e sua cavalaria, como lá em Little Big Horn, ou melhor ainda do que agora nesta seita mística que entrastes e que prega o extermínio do homem branco pelo próprio Cristo que voltará só não se sabe quando. Essas paranoias místicas ainda serão o seu fim, Touro Sentado! Enquanto você busca a salvação, índio velho, eu colho os louros de ser o precursor dos programas debochados ou sensacionalistas de auditório – que depois foram parar na TV: do Chacrinha ao Ratinho chegando ao Pânico. Sendo assim, líderes de verdade na história atual somente os empresários, os empreendedores, que enriquecem e sabem ganhar no jogo da vida”.
(Mensagem telepática enviada por Buffalo Bill a Touro Sentado depois que este mugiu e levantou em 1890)



Nenhum comentário:

Postar um comentário