Alex Cerveny,
As aventuras de Pinóquio: a história de
um boneco, 2011
Qual a maior mentira que você já contou?
Dia
da Mentira / Dia dos Bobos
Desde quando?
Desde a Antiguidade os
normandos cultuavam o deus das
travessuras Lóki. Mas em 1582 o Papa Gregório XIII, ao corrigir o
calendário cristão, que ainda era baseado em um modelo desenvolvido na Roma
Antiga, ajudou a criar o Dia dos Bobos. No novo calendário, desde então chamado de gregoriano,
trocou-se, entre outras coisas, a celebração do Ano Novo para 01/01 e não mais 01/04. O calendário do Papa demorou a ser
compreendido por muitos camponeses europeus que continuaram celebrando suas
festas nas datas de costume. Além, claro, dos diversos países de maioria
protestante ou cristãos ortodoxos que nem deram bola, inicialmente, a essas
mudanças. Bobalhões eles, não?
E no Brasil?
No folclore brasileiro, lembremos do Saci Pererê, famoso demônio que tem sua
origem nos filhos de escravas com senhores brancos, sendo meninos, muitas
vezes, abandonados nas matas e que, por morrerem sem batismo, demônios viravam.
Quem rouba o gorro do Saci, domina-o. Assim como, outro recurso para
acalmá-lo é presenteando-o com cachaça e fumo. Dizem que a Estrada do Ritter, em Cachoeirinha, é um reduto de muitos Sacis, e o era ainda mais no tempo anterior ao Distrito
Industrial.
Se você se deparar com um Saci, por
lá, envie seu relato para a Organização Não-Capitalista Sociedade dos Observadores de Saci (SOSACI).
E na arte?
Um dos mais famosos mentirosos da literatura
é Pinóquio, a marionete
viva, criada entre 1880 e 1883, em folhetins italianos, pelo escritor Carlo
Collodi (1826-1890). No romance original, o boneco é muito travesso,
desafiando os ensinamentos do carpinteiro Gepetto e de sua consciência, o Grilo
Falante. Já na versão para o cinema, no requintado filme de Walt
Disney, de 1940, Pinóquio virou uma personagem frágil e ingênua.
(Artigo enviado
pelo palhaço Abelardo Barbosa, o Chacrinha)
Alô,
Alô, Terezinha (2009) – Dir.: Nelson Hoineff (Trailer):
Wander Wildner
– Dani (2011): Falando em mentiras, boa parte da atitude do Movimento Punk, surgido na Inglaterra no
fim dos anos 1970, consiste em, “fazendo você
mesmo”, desmascarar as mentiras da sociedade capitalista. Wander
Wildner é um punk-brega pioneiro aqui em Porto Alegre.
Tatá Aeroplano – Machismo às avessas
(2012): De acordo com a feminista Eliana
Lopes muitas mulheres absorveram, por vezes, inconscientemente,
a irreverência punk desde os anos 1970.
ALGUNS MOTIVOS PARA NÃO SENTIRMOS SAUDADES DA DITADURA MILITAR
(1964-1985)
C.A.
Albani da Silva
(Artigo
publicado originalmente em 05/04/2012, 2ª edição em 04/04/2013)
Há 49 anos, na madrugada de
31/03 para 1° de abril de 1964, o Exército derrubou o Presidente João Goulart (1919-1976)
e passou a ditar as regras no Brasil. Apoiado por empresários nacionais e
estrangeiros, pela Igreja, por setores da classe média, fazendeiros e pelo
governo dos EUA, o Golpe Militar foi uma reação das elites contra as então
crescentes reivindicações sociais de sindicatos, agricultores, partidos de Esquerda, estudantes,
intelectuais e artistas. Essas lutas populares eram em prol das REFORMAS
de BASE (reforma agrária, reforma urbana, reforma educacional e
política). O pessoal da Direita,
que deu o Golpe Militar, temia que ocorresse no país uma Revolução Comunista,
como na Cuba de Fidel Castro e “Che” Guevara em 1959. Sendo assim:
1) É verdade que havia mais
segurança nas ruas durante a Ditadura? Não! Durante a
Ditadura, a repressão policial se concentrou contra grupos políticos de Esquerda (guerrilheiros,
estudantes, líderes sindicais, intelectuais, artistas críticos). Se as ruas
eram mais pacatas é porque os centros urbanos brasileiros eram bem menores e
muita gente (cerca de 60% da população) vivia no campo. Em 1970, por exemplo, Gravataí
tinha menos de 70 mil habitantes. Em 2000, tinha 270 mil habitantes!
2) As favelas e o êxodo rural têm
a ver com a Ditadura então? Tudo a ver!
Entre 1967 e 1979, os militares incentivaram a vinda de muitas empresas
estrangeiras para o Brasil, sobretudo empresas norteamericanas. O país se
industrializou de vez. Porém, o campo continuou dominado pelo latifúndio, ou seja, muita terra na mão de poucos fazendeiros
e pouca terra na mão de muitos agricultores. Resultado disto? Milhões
de camponeses sem-terra
abandonaram o campo, ocupando as periferias das cidades atrás de emprego nas
fábricas. Alguns conseguiram. Outros, não!
3) Não existiam drogas durante a
Ditadura? Foi exatamente durante a Ditadura
que o campo, no Brasil, se
industrializou também, a partir de 1972. Máquinas agrícolas substituíram
a mão-de-obra de milhões de agricultores e isso ocasionou ainda mais êxodo rural. Nesse
embalo, fazendeiros, empresas multinacionais de agrotóxicos e equipamentos agrícolas investiram
pesado na produção de alimentos, mas também, de entorpecentes (tudo em nome do lucro,
claro!) em um processo simultâneo em quase toda a América Latina. Rapidamente,
as drogas inundaram as cidades...
4) Não havia corrupção na Ditadura?
Enormes obras de infraestrutura (estradas, pontes, hidrelétricas,
aeroportos) aconteceram no Regime Militar, quase todas superfaturadas e com
muitos desvios. Veja o caso da Rodovia Transamazônica, caríssima e até hoje inacabada. Ou mesmo
a enorme dívida externa,
contraída pelo Governo Militar para industrializar o país. Poucas denúncias
apareciam na TV, pois o próprio governo censurava a imprensa, e porque também grande parte da imprensa apoiava
o Regime Militar (a Rede Globo, a Folha de SP, o SBT...)
5) Mas a Globo não era censurada
também? Algumas das novelas da Globo foram censuradas, mas
quase todas por cenas de sexo, beijos e nádegas, não por ideias políticas como
foram censurados dezenas de compositores, escritores e professores. Mesmo
assim, foi a Ditadura que patrocinou dezenas de filmes de PORNOCHANCHADAS, via Embrafilme, aqueles filmes brasileiros
de comédia-erótica que fizeram muito sucesso no país nos anos 1970.
6) A Ditadura no Brasil foi
menos violenta que as Ditaduras no Uruguai, Paraguai, Argentina, Bolívia,
Chile? Não! Ainda hoje centenas de pessoas estão
desaparecidas por terem sido torturadas e mortas por órgãos militares e
policiais. Outras milhares morreram assassinadas. Atualmente, a
resistência ainda é grande entre os militares e políticos de Direita que, por
vezes, contestam a Comissão
Nacional da Verdade, instituída pelo governo Dilma Roussef em Maio de
2012 e que busca apurar os crimes de torturadores e terroristas do Regime Militar.
Muitos deles seguem recebendo salários, homenagens e mantêm seus títulos
militares até hoje. Mesmo a Lei
da Anistia Geral, de 1979, promoveu a impunidade dos torturadores e não
prescreveu, como deveria, em 2009.
7) Alguém votava na Ditadura?
Na maior parte da Ditadura, não! Os militares liberaram o voto em
certos momentos, mas apenas para os alfabetizados (milhões de brasileiros
eram analfabetos) e para algumas prefeituras e Estados. Nada de voto para presidente! A lógica era:
o povo brasileiro é incompetente, incapaz de votar por ser ignorante. Ou seja, novela, futebol e cerveja pro
povo, pois assim o povo deixa os Generais, os “técnicos” do Exército e
das empresas governarem o país.
RESUMINDO:
Grande parte dos problemas do
Brasil de hoje tem sua origem nos 21 anos de Ditadura Militar!!!!
P.S.: Site da Comissão Nacional da Verdade (CNV).
Inocentes – Pátria Amada (2009): Igualmente precursores da cena punk brazuca.
Legião Urbana – Perfeição
(1993): Renato Russo
foi outro dos filhos da “revolução” punk inglesa.
The Clash – I fought the law (1979): Rock
+ Política.
Sex Pistols – Anarchy in the UK (1977): Uma amiga marxista me
disse que o desemprego e a apatia criaram isso…
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