quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

#2 DESPETALADA ROSA




Canção que me transbordou
Numa caminhada pela Praia de Baunilha
Em 02/02 de 2011
Dia de Iemanjá dos Navegantes
Caminhava comigo minha Mamica
E tudo começou com a
Rainha da Bateria da Escola de Samba
Que vinha pelo sentido contrário
Cruzou nosso caminho de areia
Conduzida pelo vento Nordeste
Mamica me olhou e pensamos a mesma coisa
Uma Rainha”
As demais cenas foi só abrir os olhos
Se aclarearam facinho com os óculos da poesia.
Alguém me disse que essa música
Parece descrever a praia no Inverno…
Talvez o Inverno esteja em quem ouça ela
Em mim permanece
A saudade duma coisa saudosa
Nunca mais poderei caminhar pela praia
Com minha Mamica
A não ser quando cantar esta canção.
[…]
O arranjo para esta crônica poética
Ficou entre o Barroco e o Oriental
Com destaque para a viola caipira
Tocada por Mick Oliveira como um sitar indiano
E a tampura indiana que
Sampleamos ao fundo
Gravada no Estúdio LACOS
Entre o 2012 e o 2013, em Caxuxa.
-------
DESPETALADA ROSA
c. a. albani da silva, o inventor do vento

Eu vi a rainha da bateria da escola de samba
E vi o cigano bailando e tocando tambor

Eu vi a criança que fazia castelos na areia
E a alegria estampada no rosto do menino que salvava o seu chinelo do mar

Eu vi um pescador que pescava seus próprios pensamentos
E vi dois amantes idosos lentamente a caminhar

Eu vi o burguês que exibia seus inúteis talentos
E vi o vira-lata sarnento deixando seus rastros na areia

Eu vi a despetalada rosa oferecida à Iemanjá
E vi a garrafa vazia de cerveja jogada na praia
Eu vi conchas brancas que suplicavam teu nome
E vi senhoras discursando sobre homens na mesa do bar

Alcancei acalantos e cigarros ao pobre servo
E vi tristes traves vazias da goleira onde costumávamos brincar
Senti a tua doce presença na brisa que tocou em meus lábios
E me disse que esse mês de janeiro só restava agora em nossos corações
(Do capítulo II – Saudade duma coisa saudosa, pp. 13 e 14)



Nenhum comentário:

Postar um comentário