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GREVE por EDUARDO MAFFEI
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Você faz greve e, no fim do mês o que vamos comer?
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Comeremos terra, mas não cederemos, respondeu.
Havia
um ambiente solidário, de entusiasmo, por todo o bairro fabril. No
Brás e na Mooca as ruas começaram a fervilhar de gente que se foi
adensando. Depois, como se obedecessem a um comando telepático, tal
a espontaneidade, as fábricas foram parando ante a recusa dos seus
trabalhadores em movê-las. Os policiais circulavam entre operários,
mas, impotentes, detinham-se quando se isolavam dos grupos, onde
exerciam liderança. Elementos mais vivos mantinham o contato entre
os grupos, marcando reuniões, dando diretivas, levantando ânimos e
acenando com a vitória próxima. A polícia aparecia para
dispersá-los e eles se agrupavam mais adiante.
(A
Greve, Eduardo Maffei, p. 45, Editora Paz e Terra, 1978).
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