quarta-feira, 5 de junho de 2019

MEDICINA RÚSTICA



MEDICINA RÚSTICA
Tenho uma amiga que é hippie lá na Califórnia. Ela se chama Simone de Bou'Fárry. Me mandou de presente, neste DIA MUNDIAL do MEIO AMBIENTE (05/06), um livro que escreveu no ano passado, muito bonito, onde a gente lê: “NOSSA ÚNICA RELIGIÃO NESSE MUNDO DEVERIA SER A NATUREZA”. Encucado com esse pensamento atrevido, eu me meti numa granja de arroz, aqui mesmo nos banhados do rio Gravatahy, para meditar. Depois do grito da ave tarrã, eu vi o trabalho duro dos agricultores, a pescaria dos aposentados, muito veneno-agrotóxico caindo sobre nossas cabeças como estrelas (de)cadentes do capitalismo. Vi o rio também e fiz questão de atolar o pé no seu lodo. Para muita gente dentre o milhão de viventes que, por umas 10 cidades diferentes, bebem da sua água, o rio Gravatahy é um ser INVISÍVEL que só parece virar realidade quando, essa mesma água, some das nossas torneiras.
Infelizmente não me ocorreu nada sobre o enigma que minha amiga me enviou desde a Califórnia a não ser cantar sobre os remédios que não são vendidos em farmácia. Ou seja, cantar uma medicina rústica.

MEDICINA RÚSTICA
(c. a. albani da silva, o inventor do vento)

*para Alceu Maynard Araújo (1913 a 1974)

1. “Se do barro a gente é
2. Para o barro a gente volta”
3. Pus o meu pé faceiro
4. Na lama do rio Gravatahy
5. Nessa várzea é que eu vi
6. Fantasma Sarapião
7. Inço verde do arroz
8. Caraúna avoando em bando
9. A mansão do Barreirinho
10. Homem lento, vô João
11. Maçanico me chamou de preguiçoso
12. Tive até que concordar
13. O tachã fez um berreiro
14. Com medo de virar bóia
15. Já o cusco Brigadeiro
16. Deixou o mato sem cachorro
17. Pois foi ver o jacaré caimã
18. Pelear cobra campeira
19. Que comeu os lambari
20. Maltratou os cará
21. Ofendeu bagre jundiá
22. Envenenou os mussum
23. O capincho estremeceu
24. Co´trator e a espingarda
25. Consoladamente foi
26. Pelo morro Curumim
27. Que puxou um papo assim
28. “Veja nos meus pés deitou
29. Fábrica de automóvel
30. Vrum / Vrum / Vrum”
31. E completou dizendo:
32. (Mosquitedo aplaudindo)
33. “Se do barro a gente é
34. Para o barro a gente volta”.
(17.01.2018)





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