MEDICINA
RÚSTICA
Tenho
uma amiga que é hippie lá na Califórnia. Ela se chama Simone de
Bou'Fárry.
Me
mandou de presente, neste DIA MUNDIAL do MEIO AMBIENTE (05/06),
um livro que escreveu
no
ano passado, muito
bonito, onde a
gente
lê: “NOSSA ÚNICA RELIGIÃO NESSE MUNDO DEVERIA SER A NATUREZA”.
Encucado com esse
pensamento atrevido,
eu me meti numa granja de arroz, aqui mesmo nos banhados do rio
Gravatahy, para
meditar.
Depois
do
grito da ave tarrã, eu
vi
o trabalho duro dos
agricultores,
a pescaria dos aposentados, muito veneno-agrotóxico caindo sobre
nossas cabeças como estrelas (de)cadentes do capitalismo. Vi o rio
também
e
fiz questão de atolar o pé no seu lodo. Para muita gente dentre o
milhão de viventes que, por umas
10
cidades diferentes, bebem da sua água, o rio Gravatahy é
um ser INVISÍVEL que só
parece virar realidade quando, essa
mesma
água, some das nossas torneiras.
Infelizmente
não me ocorreu nada
sobre o enigma que minha amiga me enviou desde a Califórnia a
não ser cantar
sobre os remédios que não são vendidos em farmácia. Ou
seja, cantar uma medicina rústica.
MEDICINA
RÚSTICA
(c.
a. albani da silva, o inventor do vento)
*para
Alceu Maynard Araújo (1913 a 1974)
1.
“Se do barro a gente é
2.
Para o barro a gente volta”
3.
Pus o meu pé faceiro
4.
Na lama do rio Gravatahy
5.
Nessa várzea é que eu vi
6.
Fantasma Sarapião
7.
Inço verde do arroz
8.
Caraúna avoando em bando
9.
A mansão do Barreirinho
10.
Homem lento, vô João
11.
Maçanico me chamou de preguiçoso
12.
Tive até que concordar
13.
O tachã fez um berreiro
14.
Com medo de virar bóia
15.
Já o cusco Brigadeiro
16.
Deixou o mato sem cachorro
17.
Pois foi ver o jacaré caimã
18.
Pelear cobra campeira
19.
Que comeu os lambari
20.
Maltratou os cará
21.
Ofendeu bagre jundiá
22.
Envenenou os mussum
23.
O capincho estremeceu
24.
Co´trator e a espingarda
25.
Consoladamente foi
26.
Pelo morro Curumim
27.
Que puxou um papo assim
28.
“Veja nos meus pés deitou
29.
Fábrica de automóvel
30.
Vrum / Vrum / Vrum”
31.
E completou dizendo:
32.
(Mosquitedo aplaudindo)
33.
“Se do barro a gente é
34.
Para o barro a gente volta”.
(17.01.2018)
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