POEMA
de LOLITA LEINE para o DIA do ROCK
Lolita
LEITE virou Lolita LEINE
Depois
de chupar cana e assobiar a pélvis e o Elvis
Roubou
duas guitarras do John em Liverpool
E
roubou um livro da Yoko em Tokio
Depois
foi fugir com Chuck Berry
Por
um final de semana de sexo e baralhos e jogo de dados
E
cuspir na cara do racista recalcado que
Viu
os dois pelados no Mississípi
O
fascista pregou a moral sem erguer as cuecas
Lolita
era NELSON Leite
Até
sofrer mutações genéricas ouvindo Mutantes
Até
provar o ácido suco da salada de fruta tutti frutti da Tia Rita
Fruteira
Made In Brazil
Tropicaliente
Tropicália que agora Tropeça
Nas
próprias pernas e no salto alto do capitalismo
Outra
vez e de novo
Sendo
do povão, Lolita
Aprendeu
filosofia popular com o Raul Seixas
Na
obra, ela levou a marmita com mosca na sopa
Aprendeu
poesia popular com o Bob Dylan no vento
Vento
sempre cheio de perguntas
Dançou
no cabaré, beira de estrada, com o caminhoneiro
Ao
som do Odair José
Vendeu
a alma ao diabo guiada por Mefistófeles que pediu ajuda
Ao
Robert Johnson, baco negão exu do blues ancestral
Só
para obter sucesso como cantora gospel
E
fazer dinheiro, pois é
Pouco
cristão que nos perdoa as dívidas
Quando
a moda passou
Foi
fazer música eletrônica na França, na Alemanha
No
computador do Krafwerk foi krafts mesmo e pufts também
De
volta ao Brasil
Antes
deu um pulo pra beber cerveja no Chile
No
Uruguay e na Argentina
Lá
o rock se fala com toda a raiva da letra R
Rrrrrrock
and Rrrrrroll
Tinha
mais beiço que tem o beiço dos Stones
Quando
aprendeu que o rock também envelhece
Fica
até careta e até reacionário
Entendeu
a bala na cara que o Kurt Cobain meteu na própria cara
Mas
ao contrário das más-línguas
Lolita
não deixou de ir à roda de samba
Do
samba-rock
A
convite do Ben, do Gil, do Luís Wagner e do Edvaldo
Delirou
quando chegou em Júpiter
Teve
orgasmo maçã de Bossa Nova
Roqueira,
não roseira, plantada por doido gaúcho
Chamado
Flávio
Fez-se
punk brega no último brechó do apocalipse
Só
pra descontrair e urinar na moita
Fez-se
progressiva na universidade
Para
aprender a tocar mais de três acordes por vez
E
para tocar música com mais de 10 minutos de duração
Quase
compôs uma sinfonia elétrica
Mas
faltou uma pilha palito
Compôs
autêntica ópera pornô com a goela esgoelada
Só
que nunca se esqueceu do conselho de Lucy
Que
o rock é cheio de conselhos!
Não
a Lucy in the sky with diamonds britânica
Mas
a amiga hippie ali de Gravataí
Amiga
também do outro travesti lendário
O
capoeira Madame Satã da carioca
Lucy
falou depois de mais uma
Ressaca
de orégano, rebeldia e de contracultura
Porque
até o orégano dá dor de cabeça
A
melhor festa também se acaba
A
chama rebelde se consome
A
utopia termina só pra poder recomeçar
Seja
utopia pastoral ou futurista
Woodstock
ou Cidade das Estrelas
Lucy
disse:
“Lolita
Leine, bruxa da lua amarela
Nosso
amor chegou ao fim
Você
vai se esquecer de mim
E
eu de você
Vai
detestar os contos macabros de Edgar Allan Poe que
Um
dia, adolescente, adorou
Vai
parar de se drogar
Vai
pegar ônibus lotado antes das 06h
Vai
encontrar Jesus de a pé
Só
para perdê-lo em seguida
Homem
ocupado, muitas invocações
Lolita,
por sua vez
Vai
sorrir, vai chorar e se cagar”
Lucy
disse também:
“Faça
tudo isso e faça muito mais
Todo
ser é um ser capaz
Mas
nunca deixe de escutar a duas coisas
Primeiro:
A voz do seu coração que deve ser o seu patrão
Segundo:
Nunca deixe de escutar
O
bom e velho
O
velho e bom
O
bonelho
O
vebom
Roque
enrow”
Lolita
anotou.
(c.
a. albani da silva, o inventor do vento)
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