sábado, 13 de julho de 2019

POEMA de LOLITA LEINE para o DIA do ROCK



POEMA de LOLITA LEINE para o DIA do ROCK

Lolita LEITE virou Lolita LEINE
Depois de chupar cana e assobiar a pélvis e o Elvis
Roubou duas guitarras do John em Liverpool
E roubou um livro da Yoko em Tokio
Depois foi fugir com Chuck Berry
Por um final de semana de sexo e baralhos e jogo de dados
E cuspir na cara do racista recalcado que
Viu os dois pelados no Mississípi
O fascista pregou a moral sem erguer as cuecas
Lolita era NELSON Leite
Até sofrer mutações genéricas ouvindo Mutantes
Até provar o ácido suco da salada de fruta tutti frutti da Tia Rita
Fruteira Made In Brazil
Tropicaliente Tropicália que agora Tropeça
Nas próprias pernas e no salto alto do capitalismo
Outra vez e de novo
Sendo do povão, Lolita
Aprendeu filosofia popular com o Raul Seixas
Na obra, ela levou a marmita com mosca na sopa
Aprendeu poesia popular com o Bob Dylan no vento
Vento sempre cheio de perguntas
Dançou no cabaré, beira de estrada, com o caminhoneiro
Ao som do Odair José
Vendeu a alma ao diabo guiada por Mefistófeles que pediu ajuda
Ao Robert Johnson, baco negão exu do blues ancestral
Só para obter sucesso como cantora gospel
E fazer dinheiro, pois é
Pouco cristão que nos perdoa as dívidas
Quando a moda passou
Foi fazer música eletrônica na França, na Alemanha
No computador do Krafwerk foi krafts mesmo e pufts também
De volta ao Brasil
Antes deu um pulo pra beber cerveja no Chile
No Uruguay e na Argentina
Lá o rock se fala com toda a raiva da letra R
Rrrrrrock and Rrrrrroll
Tinha mais beiço que tem o beiço dos Stones
Quando aprendeu que o rock também envelhece
Fica até careta e até reacionário
Entendeu a bala na cara que o Kurt Cobain meteu na própria cara
Mas ao contrário das más-línguas
Lolita não deixou de ir à roda de samba
Do samba-rock
A convite do Ben, do Gil, do Luís Wagner e do Edvaldo
Delirou quando chegou em Júpiter
Teve orgasmo maçã de Bossa Nova
Roqueira, não roseira, plantada por doido gaúcho
Chamado Flávio
Fez-se punk brega no último brechó do apocalipse
Só pra descontrair e urinar na moita
Fez-se progressiva na universidade
Para aprender a tocar mais de três acordes por vez
E para tocar música com mais de 10 minutos de duração
Quase compôs uma sinfonia elétrica
Mas faltou uma pilha palito
Compôs autêntica ópera pornô com a goela esgoelada
Só que nunca se esqueceu do conselho de Lucy
Que o rock é cheio de conselhos!
Não a Lucy in the sky with diamonds britânica
Mas a amiga hippie ali de Gravataí
Amiga também do outro travesti lendário
O capoeira Madame Satã da carioca
Lucy falou depois de mais uma
Ressaca de orégano, rebeldia e de contracultura
Porque até o orégano dá dor de cabeça
A melhor festa também se acaba
A chama rebelde se consome
A utopia termina só pra poder recomeçar
Seja utopia pastoral ou futurista
Woodstock ou Cidade das Estrelas
Lucy disse:
Lolita Leine, bruxa da lua amarela
Nosso amor chegou ao fim
Você vai se esquecer de mim
E eu de você
Vai detestar os contos macabros de Edgar Allan Poe que
Um dia, adolescente, adorou
Vai parar de se drogar
Vai pegar ônibus lotado antes das 06h
Vai encontrar Jesus de a pé
Só para perdê-lo em seguida
Homem ocupado, muitas invocações
Lolita, por sua vez
Vai sorrir, vai chorar e se cagar”
Lucy disse também:
Faça tudo isso e faça muito mais
Todo ser é um ser capaz
Mas nunca deixe de escutar a duas coisas
Primeiro: A voz do seu coração que deve ser o seu patrão
Segundo: Nunca deixe de escutar
O bom e velho
O velho e bom
O bonelho
O vebom
Roque enrow”
Lolita anotou.
(c. a. albani da silva, o inventor do vento)

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