"É
imensa a distância entre o livro impresso e o livro lido, entre o
livro lido e o livro compreendido, assimilado, sabido! Mesmo na mente
lúcida, há zonas obscuras, cavernas onde ainda vivem sombras. Mesmo
no novo homem, permanecem vestígios do homem velho. Em nós, o
século XVIII prossegue sua vida latente; infelizmente, pode até
voltar. Não vemos nisso, como Meyerson, uma prova da permanência e
da fixidez da razão humana, mas antes uma prova da sonolência do
saber, prova da avareza do homem erudito que vive ruminando o mesmo
conhecimento adquirido, a mesma cultura, e que se torna, como todo
avarento, vítima do ouro acariciado".
(GASTON
BACHELARD, p. 10, A formação do espírito científico, 1938, na
tradução de Estela dos Santos Abreu, Ed. Contraponto)
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