O
DIA da MENTIRA na UCRÂNIA
Gostaria
de escrever um continho em Honra e Glória ao Dia da Mentira. Porém,
ao ler os jornais El País e DW, neste Primeiro de Abril de 019, me
deparo com as eleições na Ucrânia. Minha imaginação não teve
como competir com a política dos distantes irmãos da Europa
oriental e eslava.
Espremidos
entre poloneses e russos, e seus poderosos reinos, seja de dinastias
da Idade Média, passando por soviéticos até os caudilhos da
iniciativa privada atual, e com um pampa bem parecido ao pampa gaúcho
no seu mapa, onde o caudilho Tarás Bulba já foi herói no lombo do
seu cavalo, lá em 1500, os ucranianos se enroscaram na seguinte
confusão: o candidato mais votado e que foi para o segundo turno na
eleição pra presidente do país é o palhaço, digo, o humorista de
televisão, Zelensky. Pra ter uma ideia, seu partido tem o mesmo nome
do programa de TV em que ele faz uma sátira como presidente:
Servidor do Povo. Sua fama pareceu crescer a cada debate ou
entrevista que ele não compareceu.
O
garotão engraçadinho seria a “nova política”, contra caudilhos
e magnatas que já governaram o país e que fazem mais de 30% dos 40
e tantos milhões de ucranianos se negarem a ir votar. O dono do
canal de TV 1+1, Kolominski, nenhum pouco surpreendentemente, é o
grande patrocinador do artista que quer ser presidente na vida real,
já o sendo de mentirinha na televisão.
O
discurso dos políticos veteranos (a “velha política de lá”)
passa por frases como: ser parceiro da poderosa Rússia, o que tentou
Yanukovich e foi derrubado em 2014; o combate à corrupção,
conforme se consagrou a ex-primeira ministra Trimoshenko, magnata da
indústria do gás natural, que na Revolução Laranja de 2004 também
ajudou a derrubar outro presidente; e o Poroshenko, que vai ao
segundo turno contra a atual celebridade da televisão e já se
elegeu pregando em nome do “Exército, da Língua e da Fé”,
sendo também o dono das fábricas de chocolate do país; entretanto
mesmo com essas forças poderosas ao seu lado, os ucranianos perderam
a península da Crimeia para os russos, em contrapartida, ou melhor,
como consolo, a Igreja oriental de seu país saiu bem fortalecida
dessas tretas.
Aparentemente,
olhando desde Gravataí, a engronha social deles continuou na mesma:
corrupção, muitos lucros das empresas, insatisfação do povo,
redução dos salários, desemprego. A praça Maidan, no centro da
capital Kiev, é onde se concentram os protestos, a truculência da
polícia para desbaratar esses protestos, alguns namorados e sem-teto
também. Tarás Bulba, conforme nos contou Nikolai Gogol em 1835, não
viveu para ver o horrível acidente nuclear de Chernobyl em 1986, a
cidade atômica nos tempos soviéticos. Mas ele disse aos seus
filhos, verdejando cavalgadas heroicas no Leste: “Pois, bem,
filhos, tentem alcançar o tártaro (turco)!… Não, nem tentem, não
vão conseguir: ele tem um cavalo mais rápido que o meu Diabo”.
(c.
a. albani da silva, o inventor do vento, 01.04.019)
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