segunda-feira, 1 de abril de 2019

O DIA da MENTIRA na UCRÂNIA


O DIA da MENTIRA na UCRÂNIA

Gostaria de escrever um continho em Honra e Glória ao Dia da Mentira. Porém, ao ler os jornais El País e DW, neste Primeiro de Abril de 019, me deparo com as eleições na Ucrânia. Minha imaginação não teve como competir com a política dos distantes irmãos da Europa oriental e eslava.

Espremidos entre poloneses e russos, e seus poderosos reinos, seja de dinastias da Idade Média, passando por soviéticos até os caudilhos da iniciativa privada atual, e com um pampa bem parecido ao pampa gaúcho no seu mapa, onde o caudilho Tarás Bulba já foi herói no lombo do seu cavalo, lá em 1500, os ucranianos se enroscaram na seguinte confusão: o candidato mais votado e que foi para o segundo turno na eleição pra presidente do país é o palhaço, digo, o humorista de televisão, Zelensky. Pra ter uma ideia, seu partido tem o mesmo nome do programa de TV em que ele faz uma sátira como presidente: Servidor do Povo. Sua fama pareceu crescer a cada debate ou entrevista que ele não compareceu.

O garotão engraçadinho seria a “nova política”, contra caudilhos e magnatas que já governaram o país e que fazem mais de 30% dos 40 e tantos milhões de ucranianos se negarem a ir votar. O dono do canal de TV 1+1, Kolominski, nenhum pouco surpreendentemente, é o grande patrocinador do artista que quer ser presidente na vida real, já o sendo de mentirinha na televisão.

O discurso dos políticos veteranos (a “velha política de lá”) passa por frases como: ser parceiro da poderosa Rússia, o que tentou Yanukovich e foi derrubado em 2014; o combate à corrupção, conforme se consagrou a ex-primeira ministra Trimoshenko, magnata da indústria do gás natural, que na Revolução Laranja de 2004 também ajudou a derrubar outro presidente; e o Poroshenko, que vai ao segundo turno contra a atual celebridade da televisão e já se elegeu pregando em nome do “Exército, da Língua e da Fé”, sendo também o dono das fábricas de chocolate do país; entretanto mesmo com essas forças poderosas ao seu lado, os ucranianos perderam a península da Crimeia para os russos, em contrapartida, ou melhor, como consolo, a Igreja oriental de seu país saiu bem fortalecida dessas tretas.

Aparentemente, olhando desde Gravataí, a engronha social deles continuou na mesma: corrupção, muitos lucros das empresas, insatisfação do povo, redução dos salários, desemprego. A praça Maidan, no centro da capital Kiev, é onde se concentram os protestos, a truculência da polícia para desbaratar esses protestos, alguns namorados e sem-teto também. Tarás Bulba, conforme nos contou Nikolai Gogol em 1835, não viveu para ver o horrível acidente nuclear de Chernobyl em 1986, a cidade atômica nos tempos soviéticos. Mas ele disse aos seus filhos, verdejando cavalgadas heroicas no Leste: “Pois, bem, filhos, tentem alcançar o tártaro (turco)!… Não, nem tentem, não vão conseguir: ele tem um cavalo mais rápido que o meu Diabo”.
(c. a. albani da silva, o inventor do vento, 01.04.019)



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