quarta-feira, 22 de maio de 2019

DE BRINCALHEIRA



DE BRINCALHEIRA
é uma antimúsica muito séria que fiz para apresentar alguns dos personagens que venho trançando no balaio de mentirinhas do CAVALGANDO o VENTO (CoV):

MOLEQUE do ESPAÇO: Filho de uma astronauta com um extraterrestre. Quando ele não está escrevendo crônicas cósmicas sobre Marte e os marcianos, ele vive no mundo da Lua.

VIDENTE XALALÁ: Sua bola de cristal deu tilt há muito tempo, por isso ele só prevê o que já aconteceu.

MÃE NANA: Desde 2014 eu passo a limpo o seu caderno manuscrito onde fala da vida dos 140 filhos que teve. Ela ama ouvir blues, música brega e samba. Há quem diga que está grávida de novo. Espero que dessa vez me convide para ser o padrinho.

PROF. LINDUARTE CANTOR: Das muitas coisas que ele pesquisa, gosto das suas listas de artistas, músicos e escritores, ente outros, desconhecidos, que ele resgata do grande sucesso que é não fazer sucesso nenhum. O método pedagógico deste professor é o desaprendimento. Assim: tente desaprender a cantar. Tente desaprender a escrever. Tente desaprender a andar de bicicleta. Isso é fácil, é só o começo. Daí depois tente desaprender os seus preconceitos, seus medos, seus ódios, seus juízos. Aí a coisa começa a ficar séria.

TREMENDA LUZ e o JEGUE NICK NIVALDO: Ninguém sabe, nem eu, se o segredo das viagens no espaço-tempo desta dupla caipira futurista está nas 10 cordas da viola de Luz, no chapéu do mesmo cantador ou no esturro do jegue Nivaldo. Ninguém. Só sei que eles viajam recolhendo causos e histórias para contar cantando ou cantar contando: ó lá se foram de novo.

PÉGASO de PAU: Ele vive voando nas asas da sua BIRUTECA: a biblioteca dos livros mais birutas do mundo. Inclusive, foi ele quem organizou os 30 capítulos do meu primeiro livro, editado em 2016: CONTOS pra CANTAR do INVENTOR do VENTO. Nasceu nos CUS de JUDAS, cidadezinha que fica no vale do rio Gravataí e é campo de pouso para discos voadores da esquerda.

REPÓRTER ALMADA ALVES: Ele é especialista em entrevistas sobrenaturais, ou seja, entrevistas com gente que já morreu. Mas não fale com ele sobre psicografia, infernos ou paraísos que o talentoso jornalista é ateu. Os mortos falam de muitas maneiras, eles não precisam acordar do sono eterno para falar, acredita Almada Alves.

CORRESPONDENTE de GUERRA: Conheci este outro grande jornalista na festa de casamento do Conde Drácula com o Don Juan. Seu sonho é, um dia, ficar desempregado, por isso, toda noite ele reza para que se acabem todas as guerras do mundo. Não precisa nem falar que sua música predileta, dentre as minhas composições, é PAZ, AFINAL. Assim como, ele foi o meu informante na guerra que dizimou Gravataí e Cachoeirinha 3000 anos depois de nós, chamada pelos historiadores de GUERRA das BROMÉLIAS.

ESQUELÉTICO ESQUELETO: Mesmo traído pelo seu cão de estimação o Esqueleto não aprendeu nunca a morar sozinho e vive assim sempre em busca de novas e, geralmente, más companhias. Mas ele é um cara divertido, apesar de toda a tragédia.

JAMBORÉ JUCUNDÔ, O ANARCO VOVÔ: Aos 88 anos de idade saiu pelas ruas fazer a revolução com bombas de rosas e alecrim, com golpes de foice e martelo literários. Seus inimigos são os símbolos do capitalismo: o cifrão, o coturno, a cruz gamada.

BETO GATILHO: O maior jogador do futebol do Interior do RS que nunca jogou na dupla Grenal. Fundador do clube negro RAÍZES NAGÔ e amigo do estivador comunista PAOLO PIZZATO, aquele que, mesmo na merda, nunca pisava nos outros.

HOMO TARARAKA: É o último homem das cavernas. Ou seria o primeiro dos homens das cavernas urbanas modernas? Há quem acredite que ainda é apenas um adolescente. Ainda resolve seus problemas como uma criança. O que tem um lado bem ruim, pois, às vezes, quer bater com o tacape na cabeça dos outros. Mas ele desenha memes rupestres muito bacanas, entre eles o famoso #OCorvoNaNuvem.

FRANK LYNN FLUES: Já foi o maior ladrão da História. Até já me pediu para compor um livro sobre os seus grandes crimes. Por ora, anoto os livros que os donos do poder pediram pra que ele juntasse pela História e destruísse. Os fascistas vivem no encalço dos livros rebeldes. Curiosamente, Frank Lynn guarda sempre uma cópia dos livros que destrói na sua casa. Vou lá dar uma lida de vez em quando.

BLIND BARATA & FORMIGA McTELL: Músicos que se conheceram na construção da Estrada de Ferro Gravataí-Caxuxa e, antes de sumirem do mapa, um envenenado pela namorada ciumenta, o outro convertido à igreja das igrejas da melhor das igrejas, gravaram uma porção de lindas canções sobre amor, trabalho, alguns porres e livros lidos, não-lidos, relidos e meio-lidos

RITA MALDITA: A pior amiga da Girafa Elétrica e da Menina do Colar. Tão inconveniente e sem graça. Tão besta e metida como alguém que, você, certamente, conhece. Ainda assim, uma amiga. Diz que vai casar. Espero ser contratado pra cantar na festa.

O LÔKO DA GUITARRA: Vivia com problemas de saúde na infância. Super protegido pela mãe. Assim estava tudo escrito para virar um adulto hipocondríaco e cagão, até que um dia, num cabaré dançante tomou um copo com menstruação e voltou à realidade com um parafuso a mais e uma guitarra a tiracolo. Ícone da cena punk da Praia de Baunilha. É apaixonado por Madame Satã, um travesti que era capoeira no carnaval do RJ na Era Vargas e aprendeu a gostar de rock and roll na COHAB na Era Lula. Continuou sendo capoeira.

GIRAFA ELÉTRICA: Espevitada. Está sempre disposta a nos chocar, mas bem devagarinho, pra gente ficar pensando, só por isso mesmo. É o lado absurdo do mundo velho medonho maluco. Por que a vida está em algum ponto entre o lírico e o absurdo

MENINA do COLAR: É o lado lírico do mundo velho medonho maluco. Por que a vida está em algum ponto entre o lírico e o absurdo. Depois da Praia de Baunilha, sonha em viajar pela Toca da Jiboia, terra de malfeitores, e pelas galáxias, agarrada no pescoço da Girafa Elétrica que vai encompridando conforme a imaginação.

PENSAMENTO da SILVA: Um parente querido. Deve ser seu primo, também. A não ser que tu não seja Silva como nós.

GADONOVO & BOVINO: São formados do mesmo barro que fez um pouquinho de todo o brasileiro que não é filho do dono do banco, do dono da loja de roupas, do dono da fazenda, da fábrica, da funerária, da farmácia, da televisão, do estúdio pornô, que, aliás, muitas vezes, é o mesmo dono. De resto, e o resto é sempre o mais importante, são filhos de Pedro Pedreiro e só. Ou seja, quando não estão ruminando estão mugindo.

Vuuuuush.
(c. a. albani da silva, o inventor do vento)

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