DE
BRINCALHEIRA
é
uma antimúsica muito séria que fiz para apresentar alguns dos
personagens que venho trançando no balaio de mentirinhas do
CAVALGANDO o VENTO (CoV):
MOLEQUE
do ESPAÇO: Filho de uma astronauta com um extraterrestre. Quando
ele não está escrevendo crônicas cósmicas sobre Marte e os
marcianos, ele vive no mundo da Lua.
VIDENTE
XALALÁ: Sua bola de cristal deu tilt há muito tempo, por isso
ele só prevê o que já aconteceu.
MÃE
NANA: Desde 2014 eu passo a limpo o seu caderno manuscrito onde
fala da vida dos 140 filhos que teve. Ela ama ouvir blues, música
brega e samba. Há quem diga que está grávida de novo. Espero que
dessa vez me convide para ser o padrinho.
PROF.
LINDUARTE CANTOR: Das muitas coisas que ele pesquisa, gosto das
suas listas de artistas, músicos e escritores, ente outros,
desconhecidos, que ele resgata do grande sucesso que é não fazer
sucesso nenhum. O método pedagógico deste professor é o
desaprendimento. Assim: tente desaprender a cantar. Tente desaprender
a escrever. Tente desaprender a andar de bicicleta. Isso é fácil, é
só o começo. Daí depois tente desaprender os seus preconceitos,
seus medos, seus ódios, seus juízos. Aí a coisa começa a ficar
séria.
TREMENDA
LUZ e o JEGUE NICK NIVALDO: Ninguém sabe, nem eu, se o segredo
das viagens no espaço-tempo desta dupla caipira futurista está nas
10 cordas da viola de Luz, no chapéu do mesmo cantador ou no esturro
do jegue Nivaldo. Ninguém. Só sei que eles viajam recolhendo causos
e histórias para contar cantando ou cantar contando: ó lá se foram
de novo.
PÉGASO
de PAU: Ele vive voando nas asas da sua BIRUTECA: a biblioteca
dos livros mais birutas do mundo. Inclusive, foi ele quem organizou
os 30 capítulos do meu primeiro livro, editado em 2016: CONTOS pra
CANTAR do INVENTOR do VENTO. Nasceu nos CUS de JUDAS, cidadezinha que
fica no vale do rio Gravataí e é campo de pouso para discos voadores
da esquerda.
REPÓRTER
ALMADA ALVES: Ele é especialista em entrevistas sobrenaturais,
ou seja, entrevistas com gente que já morreu. Mas não fale com ele
sobre psicografia, infernos ou paraísos que o talentoso jornalista é
ateu. Os mortos falam de muitas maneiras, eles não precisam acordar
do sono eterno para falar, acredita Almada Alves.
CORRESPONDENTE
de GUERRA: Conheci este outro grande jornalista na festa de
casamento do Conde Drácula com o Don Juan. Seu sonho é, um dia,
ficar desempregado, por isso, toda noite ele reza para que se acabem
todas as guerras do mundo. Não precisa nem falar que sua música
predileta, dentre as minhas composições, é PAZ, AFINAL. Assim
como, ele foi o meu informante na guerra que dizimou Gravataí e
Cachoeirinha 3000 anos depois de nós, chamada pelos historiadores de
GUERRA das BROMÉLIAS.
ESQUELÉTICO
ESQUELETO: Mesmo traído pelo seu cão de estimação o Esqueleto
não aprendeu nunca a morar sozinho e vive assim sempre em busca de
novas e, geralmente, más companhias. Mas ele é um cara divertido,
apesar de toda a tragédia.
JAMBORÉ
JUCUNDÔ, O ANARCO VOVÔ: Aos 88 anos de idade saiu pelas ruas
fazer a revolução com bombas de rosas e alecrim, com golpes de
foice e martelo literários. Seus inimigos são os símbolos do
capitalismo: o cifrão, o coturno, a cruz gamada.
BETO
GATILHO: O maior jogador do futebol do Interior do RS que nunca
jogou na dupla Grenal. Fundador do clube negro RAÍZES NAGÔ e amigo
do estivador comunista PAOLO PIZZATO, aquele que, mesmo na merda,
nunca pisava nos outros.
HOMO
TARARAKA: É o último homem das cavernas. Ou seria o primeiro
dos homens das cavernas urbanas modernas? Há quem acredite que ainda
é apenas um adolescente. Ainda resolve seus problemas como uma
criança. O que tem um lado bem ruim, pois, às vezes, quer bater com
o tacape na cabeça dos outros. Mas ele desenha memes rupestres muito
bacanas, entre eles o famoso #OCorvoNaNuvem.
FRANK
LYNN FLUES: Já foi o maior ladrão da História. Até já me
pediu para compor um livro sobre os seus grandes crimes. Por ora,
anoto os livros que os donos do poder pediram pra que ele juntasse
pela História e destruísse. Os fascistas vivem no encalço dos
livros rebeldes. Curiosamente, Frank Lynn guarda sempre uma cópia
dos livros que destrói na sua casa. Vou lá dar uma lida de vez em
quando.
BLIND
BARATA & FORMIGA McTELL: Músicos que se conheceram na
construção da Estrada de Ferro Gravataí-Caxuxa e, antes de sumirem
do mapa, um envenenado pela namorada ciumenta, o outro convertido à
igreja das igrejas da melhor das igrejas, gravaram uma porção de
lindas canções sobre amor, trabalho, alguns porres e livros lidos,
não-lidos, relidos e meio-lidos
RITA
MALDITA: A pior amiga da Girafa Elétrica e da Menina do Colar.
Tão inconveniente e sem graça. Tão besta e metida como alguém
que, você, certamente, conhece. Ainda assim, uma amiga. Diz que vai
casar. Espero ser contratado pra cantar na festa.
O
LÔKO DA GUITARRA: Vivia com problemas de saúde na infância.
Super protegido pela mãe. Assim estava tudo escrito para virar um
adulto hipocondríaco e cagão, até que um dia, num cabaré dançante
tomou um copo com menstruação e voltou à realidade com um parafuso
a mais e uma guitarra a tiracolo. Ícone da cena punk da Praia de
Baunilha. É apaixonado por Madame Satã, um travesti que era
capoeira no carnaval do RJ na Era Vargas e aprendeu a gostar de rock
and roll na COHAB na Era Lula. Continuou sendo capoeira.
GIRAFA
ELÉTRICA: Espevitada. Está sempre disposta a nos chocar, mas
bem devagarinho, pra gente ficar pensando, só por isso mesmo. É o
lado absurdo do mundo velho medonho maluco. Por que a vida está em
algum ponto entre o lírico e o absurdo
MENINA
do COLAR: É o lado lírico do mundo velho medonho maluco. Por
que a vida está em algum ponto entre o lírico e o absurdo. Depois
da Praia de Baunilha, sonha em viajar pela Toca da Jiboia, terra de
malfeitores, e pelas galáxias, agarrada no pescoço da Girafa
Elétrica que vai encompridando conforme a imaginação.
PENSAMENTO
da SILVA: Um parente querido. Deve ser seu primo, também. A não
ser que tu não seja Silva como nós.
GADONOVO
& BOVINO: São formados do mesmo barro que fez um pouquinho
de todo o brasileiro que não é filho do dono do banco, do dono da
loja de roupas, do dono da fazenda, da fábrica, da funerária, da
farmácia, da televisão, do estúdio pornô, que, aliás, muitas
vezes, é o mesmo dono. De resto, e o resto é sempre o mais
importante, são filhos de Pedro Pedreiro e só. Ou seja, quando não
estão ruminando estão mugindo.
Vuuuuush.
(c.
a. albani da silva, o inventor do vento)
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